terça-feira, dezembro 27, 2005

Guebuza pode fracassar no CE

DEVIDO À FALTA DE SENTIDO DE ESTADO E BAIXEZA DE ALGUNS MEMBROS

O Presidente da República, Armando Guebuza, poderá fracassar no seu propósito de fazer do Conselho de Estado (CE) um instrumento para a consolidação da cultura de tolerância e respeito pela diferença, dada a baixeza e falta de seriedade e sentido de Estado que caracterizam alguns dos seus membros.

Esse indício tornou-se evidente no próprio dia da tomada de posse de 16 membros daquele órgão, por exemplo, quando o idoso veterano da FRELIMO, Marcelino dos Santos, evitou brindar com o antigo líder guerrilheiro renamista, Afonso Dhlakama,

em homenagem ao seu próprio juramento público de jamais perdoar aquele que apelida de antigo “cabecilha dos bandidos armados”.

Pouca seriedade àquela cerimónia foi igualmente manifestada por alguns membros que foram empossados naquela sexta-feira, 23 de Dezembro de 2005, nomeadamente quando o artista plástico-mor moçambicano, Malangatana Valente Ngwenha, se apresentou junto do “protocolo” sem a respectiva identificação, e o renamista Jeremias Pondeca (Cm 2229, págs. 1 e 2) sem caneta para assinar o termo de posse.

Enfim, aquela, que uma vez mais sublinhou o carácter de Guebuza de homem eminentemente pontual e à qual Graça Machel faltou, “por se encontrar fora do país”, conforme foi alegado oficialmente, serviu também para enfatizar que aparentemente ainda existem frelimistas que ou não começaram a se entregar à onda de saques ao bem público ou têm pudor de exibir sinais exteriores de riqueza de proveniência duvidosa.

Bonifácio Gruveta Massamba foi visto a assinar o termo de posse com uma esferográfica BIC vulgar, quando muitos usaram parkers, algumas banhadas de ouro.

A figura de provedor de Justiça, que por lei deve integrar este órgão consultivo do Chefe de Estado no exercício das suas funções, não foi empossada, porque ainda inexistente o respectivo titular.

Os membros do CE gozam de diversas mordomias e regalias, incluindo imunidade equiparadas à dos deputados da Assembleia da República, tratamento protocolar incluído.

Multiplicam-se vozes de protestos relativamente à composição deste órgão.

Diz-se que não é abrangente e é eminentemente político, cujos componentes foram escolhidos para satisfazer amigos e amainar desavenças partidárias.

(Redacção) – CORREIO DA MANHÃ (Maputo) – 27.12.2005



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