segunda-feira, dezembro 11, 2006

Tráfico de seres humanos atingiu proporções epidémicas

MOVIMENTOU EM MÉDIA 32 MIL MILHÕES DE EUROS/ANO NA ÚLTIMA DÉCADA

Em Moçambique o cenário é tido como “preocupante” mas virtualmente impune porque não catalogada na legislação como “crime”JAIME UBISSE
O tráfico de seres humanos atingiu “proporções epidémicas” na última década, com um mercado anual de cerca de 32 mil milhões de euros, afirmaram, terça-feira, representantes do Conselho da Europa num seminário em Atenas, Grécia.
Oficialmente, em Moçambique, foram registados, somente em 2005, 82 casos rotulados de “rapto” de menores de dois a 10 anos de idade, contra 52 do ano anterior, de acordo com Lurdes Mabunda, chefe do Departamento da Mulher e Criança no Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), que enfatiza que muitos casos de tráfico humano acabam ficando impunes por falta de legislação específica.
Mesmo nessa abordagem – rapto de menores – apenas no primeiro semestre deste ano foram oficialmente registados 68 casos, com a província central de Sofala na dianteira com 20 casos, 15 na Zambézia, 11 em Maputo e oito em Gaza.
Europa
O problema tornou-se mais visível na Europa, quando alguns países da Europa Oriental entraram na União Europeia, referiram os representantes.
O tráfico de seres humanos aumentou porque “é muito mais fácil passar as fronteiras com pessoas do que com drogas ou armas”, afirmou Marta Requena, directora-geral dos Direitos Humanos do Conselho da Europa.
“As receitas são muito altas e os riscos muito baixos”, acrescentou a responsável.
Mais de 200 peritos, representantes de governos e de agências não-governamentais participam no seminário, organizado pelo Conselho da Europa e pelo Ministério grego do Interior, que termina quinta- feira, para discutir estratégias para combater a “escravatura moderna”.
A organização do seminário pretende também que os governos apliquem a resolução do Conselho da Europa contra o tráfico de seres humanos, que Marta Requena qualificou como o “primeiro tratado nesta matéria”, porque distingue as vítimas de tráfico dos imigrantes ilegais.
“O tráfico de pessoas é o crime da indiferença”, disse Athanassia Sykiotou, criminologista da Universidade de Thrace, sublinhando que todos somos responsáveis.
Entre 600 mil e 800 mil pessoas são todos os anos sujeitas a tráfico, 80% das quais mulheres e crianças obrigadas a entrar no mercado do sexo, segundo dados do Departamento de Estado norte- americano.
CORREIO DA MANHÃ (Maputo) – 07.12.2006

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