quarta-feira, julho 11, 2007

Máximo Dias e a Fundacão da Renamo (3)

A última entrevista e realmente entrevista, pois nela há perguntas claras do jornalista entrevistador e resposta do entrevistado que é Máximo Dias, deputado da AR e jurista, ajuda-nos a saber o que ele havia dito naquela alegada entrevista. É alegada, porque sempre duvidei dela de ser uma entrevista, uma vez que não tinha as caracteristas da última. A única coisa que eu podia aceitar é se o que estava escrito, Máximo Dias teria dito numa conferência de imprensa e o jornalista escreveu como o teria entendido.

Embora nesta entrevista Máximo Dias não negue expressamente que não timha dito que ele era fundador da Renamo, Matsangaice teria sido morto pela Renamo, ele assumia culpa e Afonso Dhlakama não era dos fundadores da Renamo, como um dos comentadores disse no Moçambique para todos, eu estou totalmente convencido que Máximo Dias disse não tinha proferido aquele discurso a que o Notícias lhe atribuia. A verdade é que Máximo Dias disse que a Frelimo foi culpada pela guerra, como ele a dado momento responde as seguintes perguntas:

Not – Então o Dr. Máximo Dias não teve qualquer participação na fundação da RENAMO!...

MD – Por via da assinatura de um documento? Não! E penso que não houve documento nenhum. O André Matsangaíssa sabia quais eram as minhas ideias e sabia que eu estava aborrecido com a Frelimo e deve ter sido por isso que me procurou para dizer que pretendia criar um grupo de resistência, a RNM...

Not – O seu encontro com Matsangaíssa foi esse único ou houve um outro ou outros? Sabia como é que iria ser levada a cabo a campanha que ele tinha?

MD – Quando ele volta da Rodésia disse “temos uma base logística e vamos iniciar a luta”. Não tive ideia nenhuma porque eu não entendo nada de processos militares. Mas identificava-me com a luta contra a ditadura da Frelimo. Para mim o culpado da guerra, pelo menos no início, foi o partido.

Not – Como?

MD – Porque não deu toda a liberdade que o povo merecia e não aceitava nenhuma forma de diálogo. Por isso não gostei de ser mal interpretado pois não assumo a culpa. Não assumo a culpa!

Not – Assume o quê? Já não se revê na guerra que dilacerou o país?...

MD – Assumo a responsabilidade. Porque aprovei as ideias de Matsangaíssa. Poderia ter dito ao homem “não faça isso ou aquilo, a Frelimo ainda vai mudar...” mas não o fiz porque me identificava com a sua causa. Assumo a minha responsabilidade porque não defendi a Frelimo.

Not – Mantém a mesma ideia hoje?

MD – Sim, mantenho. A culpada da guerra é a Frelimo e a prova disso o acordo (geral de paz) de Roma que se tivesse sido assinado em 1976 não teria havido guerra nenhuma em Moçambique.

Not – Mas o Acordo Geral de Paz assinado em 1992 acontece numa altura em que a Constituição de 1990 já tinha acabado com o monopartidarismo e por isso já havia, como diria, uma política mais participativa em termos de opiniões de mais partidos políticos...

MD – Não me venha dizer isso! Quando a Frelimo decide mudar a Constituição a guerra estava no auge e portanto estava sob pressão. Segundo, a Guerra Fria já tinha acabado, o muro de Berlim já tinha caído, a Perestroika já funcionava, o próprio Presidente Samora Machel, compreendendo a razão da guerra ou a incapacidade de vencer a RENAMO assinou o acordo de Nkomati...
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De notar, não há lugar algum onde Máximo Dias tenha falado duma morte conspirada a André Matsangaice nem de Dhlakama como não fundador da RNM. Eu concluo que o jornalista que escreveu o primeiro artigo que nem assinou, foi de má fé. Ele ou apenas o Notícias preferiu criar intrígas ao invés de escrever exactamente o que Máximo Dias havia dito. Por que intenção? Esta é a pergunta que em mim persiste. Talvez uma lição para prestar atenção ao conceder entrevista ao Notícias, sobretudo para quem é da oposição em Moçambique.

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