sábado, julho 05, 2008

Contrato com o governo para fazer filhos

Escutei da RM (Rádio Moçambique), na sua missão da tarde da sexta-feira, o governador de Inhambane a falar com um tom de zanga num comício popular. Também se pode ler aqui. Do discurso ouvi algo assim: vocês fazem muitos filhos, depois vem reclamar ao governo que não têm condições para sustentá-los. Vocês fizeram contrato com o governo para fazerem muitos filhos? Isto deixou-me com muitas interrogações como:

Há algum contrato em Moçambique para fazer filhos mesmo para um ou dois?

Quem tem o direito de fazer filhos em Moçambique? Por outras palavras, o pobre está condenado a não fazer filhos?

Será o discurso do governador articulado à política do governo moçambicano ou é a opinião pessoal do governador? Por outras palavras, há uma política de família do tipo da China, onde cada família tem o direito de um determinado número de filhos? Se existe essa política é do conhecimento público? Existindo, como se garante para se efectivá-la: bastará com o tom de zanga aos produtores de filhos. Concretamente, há distribuição de anti-conceptivo ou que os pobres evitem fazer filhos, não fazendo o sexo?

Supondo que esta política não do governo moçambicano, tem um governante o direito de transmitir e tornar ordem a sua opinião individual num comício?

11 comentários:

Unknown disse...

Penso que o Goernador colheu mal a experiencia que teve quando encabec,ou a delegacao do Governo a China popular.

Quiz naquele comicio passar a papel quimico a politica chinesa de um filho por casal, e esqueceu as condicoes historico-culturais dispares entre eles e Mocambique. Foi rudeza da parte do Itai!

Unknown disse...

E mais, acho que as familias presentes ficaram assustadas e ao mesmo tempo contrariadas.

Eu no lugar do Itai voltava a Pambara, explicar-me melhor sobre uma posicao de genero.

OFICINA PONTO E VIRGULA disse...

Agora teoria malthusiana se calhar. Fazer filho acho eu nao pode ser encomodo para o individuo do governador. Tenho que usar o meio termo para dizer que nunca pensei que ogoverno mocambicano pensasse assim...mas tambem, aqui me parece que essa so poder ser a ideia do Governador.

Outra coisa, e que nao importa a ninguem e nunca mesmo, se algume tem 80 filhos, porque o governo nao e pai de ninguem e nao ele que sustenta a esses filhos. Ainda que seja o governo a velar pela boa forma de vida de cidadaos, mas nao e o o governo a inibir os direitos de cidadaos de procriar, porque mesmo China acho que nao e o governador que sai a rua, mas sim, a lei aplicada para todos.

Sim, aceitamos que seja, entao, onde esta a melhporia de condicoes de vida para esses pais.

E porque e que nao se faz valer o respeito pelas culturas e tradicoes do povo. Ainda confesso, que aqui nao e o governo central.

Acompanhei toda informacao do Faiela no Jornal da noite.

Ximbitane disse...

Foi mesmo o Governador que lançou essa? E ainda por cima zangado? Que coisa!

Mas se mal conseguem incentivar as pessoas a fazer planeamento familiar como acham que isso vai acontecer?

Não sabe ele que quantos mais puxões de orelhas mais forças dá ao povo para "superpovoar a zona"?

Reflectindo disse...

Dede, não te esquecas que o nosso país chama-se Mocambique onde muitos governantes nunca se cuidam do que dizem perante às populacões a que acham não saberem nada. Então, não esperarmos que o governador voltará àquela populacão para rectificar o que disse, mas a verdade ela já manifestou o seu desagrato.

Meque Itai não é o primeiro governante a pronunciar-se segundo o lhe apetece. Lembremo-nos que o Presidente da República já chamou os camponeses da Zambézia de preguicosos. Ele já voltou para lá para pedir-lhes desculpas?

Reflectindo disse...

Oficina Ponto e Vírgula, teoria malthusiana é o que pensei logo que escutei o discurso. Essa teoria que estava na moda nos finais da década 90 e princípios desta (00). Mas por essa teoria via África isoladamente, nunca me convencia. O governador precisa é fazer estudos populacionais.

Um dos grandes problemas é dos nossos governantes nunca pensarem que a populacão é recurso do país. E, nem sabem que o mundo desenvolvido está explorando esse recurso humano.

Reflectindo disse...

Ximbitane, eu escutei-o pessoalmente e ao seu lado tinha um intérprete que falava com o mesmo tom de zangado: onde e quando é que fizemos esse contrato?

E por falar de planeamento familiar em Mocambique. Veja que nem professores sabem que isso é possível. De facto, o governador não falou de planeamento familiar.

OFICINA PONTO E VIRGULA disse...

Eu tambem escutei...foi primeira vez que eu fiquei atento e notei todo discurso do Governador. Entendi bem o que ele estava dizendo nao o que quiz dizer.

Reflectindo disse...

Sabe, munna! Eu nem sei se ele queria dizer outra coisa. E é possível que a intérpete tenha posto ingredientes ao sabor... Isso que julgo minar o diálogo entre governantes e governados da base ao topo.

Um dos problemas dos nossos governantes é de mandar e não dirigir.

Ximbitane disse...

Estou estarrecida! Realmente esse e outros governantes nao sabem o que relamente se passa neste pais.

As ideias deles de planeamento familiar nao estao a surtir o efeito desejado, pelo menos pelas bandas onde as pessoas mais precisam de estar conscientes disso, o meio rural.

Entretanto, acrescento que mesmo no meio urbano o planeamento familiar ainda nao é prerrogativa de todos.

Talvez, tendo em conta que o Projecto Bizz nao esta a surtir os efeitos desejados esteja-se a promover, como formar de diminuir os nascimentos no pais, abortos nos nossos hospitais.

Ide aos serviços de ginecologia da maior unidade hospitalar do pais, miudas de seios turgidos la estao na fila a espera de fazer mais um aborto.

Ide aos mesmos serviços por questoes de saude que te dao um pontapé nos "sentadores"!

Costuma-se dizer que o mal corta-se pela raiz, talvez seja esta mais uma forma de satisfazer a vontade dos dirigentes...

Unknown disse...

Concluindo, so' a LEI e' que deve orientar e governar o processo do desenvolvimento social e nao a pessoa de um governador Itai Meque.

O governador Itai procurou levar um discurso pouco inteligente, com um olhar tantooquanto miope 1as culturas milenares dos povos locais.

Dai' que muitas familias contactadas a-posteriori pelo reporter da RM, Daniel Faela, tenham se mostrado absolutamente revoltadas pela intervencao do Itai.