quinta-feira, abril 09, 2009

CABO VERDE - Uma ‘história de sucesso’ de uma economia dependente do exterior

Pretoria (Canal de Moçambique) - Cabo Verde é “uma história de sucesso africana”, sobretudo pela estabilidade e funcionamento das instituições, mas também uma economia muito dependente do exterior que, por isso, sofrerá com a actual crise, afirma a Standard & Poor s, a agência internacional de notação de crédito.

“As instituições políticas e a estabilidade cabo-verdianas estão entre as mais fortes de África e são uma boa plataforma para enfrentar os desafios relacionados com os desequilíbrios da economia. As autoridades demonstram forte e sustentado empenho na reforma económica, que contribuiu para uma robusta expansão económica nos últimos anos”, refere a Standard & Poor´s no seu mais recente relatório sobre o arquipélago, datado de Março.

Nos últimos três anos, sublinha, a média de crescimento económico anual foi de 6%, o dobro do ritmo projectado para os próximos anos, mas as contas nacionais e fiscais tendem a ser “mais voláteis” dada a “natureza pequena e pouco diversificada” da economia.

Os níveis de prosperidade, uma medida da capacidade de absorção de choques exógenos são considerados “relativamente altos”, com um PIB "per capita" na ordem de 3.485 dólares.

Para a classificação atribuída à dívida cabo-verdiana (B+ com perspectiva de estabilidade) contribui a estabilidade e os “elevados indicadores de desenvolvimento humano”, bem como a “constância” monetária, relacionada com a indexação da moeda local ao €uro, e ainda a melhoria da gestão fiscal.

Pela negativa, a S&P destaca os “grandes desequilíbrios externos”, que “reflectem em parte a estreiteza da economia”, e ainda o elevado nível de endividamento.

O país, salienta, “depende de importações para suas necessidades básicas, tais como alimentos e petróleo, cujos preços têm subido nos últimos anos. As exportações são limitadas e o rápido crescimento dos projectos de turismo (…) têm impulsionado o crescimento das importações“.

A posição global da balança de pagamentos é “sustentável” graças ao grande investimento directo estrangeiro (IDE) e remessas da diáspora cabo-verdiana.

“No entanto, à medida que a economia mundial desacelera, aumenta o risco de que essas entradas possam vacilar, criando pressão sobre a balança de pagamentos”, adianta.

Apesar de “progressos significativos na redução do endividamento”, em 2009, a dívida do governo deverá rondar 61% do PIB, o que compara com uma média de 36% para países com notação igual.

As oportunidades para o arquipélago surgem na forma da adesão à Organização Mundial do Comércio, da parceria com a União Europeia, importantes estímulos à economia, e também da criação em Cabo Verde de uma das zonas de comércio livre da China em África.

“Cabo Verde é um dos seis países do continente Africano que vai acolher uma zona de livre comércio chinês, onde as empresas chinesas irão armazenar as suas mercadorias antes da distribuição em todo o continente. Sabe-se que as negociações continuaram em 2008. A realização desses projectos poderia ter um impacto positivo sobre o crescimento futuro do país”, frisa o relatório da Standard & Poor´s.

(Redacção / macauhub)

Fonte: Canal de Moçambique

Comentário do Reflectindo:

Tenho dito que a diáspora pode contribuir para o desenvolvimento dum país e isso basta ver Cabo Verde, Israel. A Eritreia é também um caso de um país que capitalizar, embora se engaje em repressão aos cidadãos críticos na diáspora. Na minha opinião, uma das condições para uma melhor contribuição da diáspora é organizando em comunidades, mas evitando partidarizá-la e impô-la a uma tradição cultural conservadora.

2 comentários:

Anónimo disse...

Acho que a recessao ainda nao chegou a Cabo Verde. Vejo com um certo cepticismo a parceria com a China. Maria Helena

Reflectindo disse...

Pode ser, aliás eu sou céptico também a uma parceria com a China, porém, precisamos de ver que países como EUA, Dinamarca, Suécia, Holanda entre muitos têm também forte parceria com a China. O problema da China é não se interessar à democracia e direitos humanos, mas isso pode não ser problemático se o país com que tem parceria defender estes princípios. Neste contexto, uma parceria com Cabo Verde e Botswana em África pode não ser problemática como é com Angola ou Sudão.