segunda-feira, maio 03, 2010

Ainda sobre a frelimizacão das instituicões públicas

At no point did Paunde, or any other Frelimo leader, say that recruitment to the state, or promotion within the state, was conditional on Frelimo membership. (tradução livre: Em nenhum momento Paunde, ou todo o outro líder de Frelimo, disse que o recrutamento para a funcão pública ou promoção dentro do estado, era condicional a membro da Frelimo.) (Fauvet: allafrica, 29.04.2010)

Dentre tantas inverdades e assassinatos jurídicos, Manuel Tomé disse que um Administrador do Distrito deverá, no actual modelo de governação frelimista, ser necessariamente membro da Frelimo, pois, na sua óptica, quem em última instância deverá prestar contas ao eleitorado (e aqui considera todos nós como eleitorado, e não povo, cidadãos, etc) será a Frelimo. Mesma posição tomou em relação à cargos de direcção de empresas públicas. Para ele, todos directores, inclusive chefes de departamentos, e directores de escola, deverão ser pessoas de confiança político-partidária, que é para poder ter-se a garantia de que o programa de governação da Frelimo seja cumprido. Ainda nessa senda, referiu-se que essas pessoas poderão possuir alguma experiência técnica que é para saberem o que fazem. Está claro que se está perante um atropela ao Estatuto Geral dos Funcionários de Estado e toda legislação avulsa que rege esta matéria.
Quando nesse país se fala da partidarização do estado, muitos cientistas sociais e alguns “analistas” contestam tal constatação. Quando se diz que se está perante a frelimização da sociedade, alguns analistas e cientistas sociais não vêem mal nisto. Manuel Tomé teve a coragem de transmitir aquilo que o seu partido pensa: que se queremos trabalhar em Moçambique, mas principalmente no Estado, e podermos ter algum cargo de direcção, então deveremos acelerar o nosso processo de filiação partidária, e neste caso, aderindo à ela. Não é por acaso que Almeida Tambara e o resto assim procederam. Quem quer ser da oposição, que seja empresário. Mas não cá em Moçambique. Seja-no na Africa do Sul ou Europa, e faça política cá. Aí sim. Está claro? (Vaz, Egídio, Política à moçambicana, Junho/2007.

Reflectindo: Será verdade que líderes da Frelimo não dizem publicamente que chefias na função pública são apenas para membros da Frelimo?

7 comentários:

Chauque disse...

é claro que NUNCA DIRAO NADA PORQUE PODEM PERDEREM O *TAKO*, AQUELES NUNCAM VAO ABRIR A BOCA VEJA O JOVEM DEPUTADO PELA 2ªVIA chara do PAI NA RM, o que fala na Assembleia, é um escovinha nem parece jovem que tenha sofrido quando estava na OJM na Matola.e ele quando aparece na televisao diz que ha liberdade de expressao no seu partido,pork.........

V. Dias disse...

Já falamos sobre isso. Pode ser verdade, mas não é esse exagero que alguns pintam. Eu faço a excepção.

Zicomo

Reflectindo disse...

Surpreende-me que por exemplo Paul Fauvet reclame falta de prova ou exemplos quando ele mesmo já escreveu sobre Eduardo Namburete.

- Ademais, surpreende-me quando ele como jornalistas que já escreveu sobre o lado que opõe, nunca vá ao campo para nos provar onde há directores que não tenham cartão da Frelimo;

- Surpreende-me que Paul Fauvet e a equipa do AIM, aceitem sem questionar as afirmacões de Guerreiro Modefa já que há provas que em Nacala-Porto por exemplo, tenham havido vereadores membros da Frelimo quando o município era sob governacão da Renamo. Mas será que os deputados da Renamo haviam se esquecido deste facto? Descuido?

Se o Galiza Matos diz que há liberdade de expressão no seu partido, porque os que ousaram já não se ouvem?

Reflectindo disse...

Viriato

Qual é o exagero?

Será que achas que não por partidarizacão generalizada que não consegues apontar um director ou director adjunto em Nampula que não porte o cartão (vermelho) da Frelimo?

Na verdade, a Frelimo aproveita-se da falta de seriedade da oposicão. Isto aceito. Pois na minha modesta opinião, a oposicão, a Renamo e o MDM, falam deste problema por ser irrefutável e preocupante entre mocambicanos, mas não se prepara adequadamente para atacá-lo com seriedade. Para debater o problema não se precisa de textos apenas cheio de palavras, mas um inventário.

Sou da opinião que seja a sociedade civil a atacar o problema, porque afinal não há garantias que mesmo os partidos da oposicão têm vontade política para o fim partidarizacão das instituicões públicas.

V. Dias disse...

Reflectindo,

O ter cartão da Frelimo não significa ser da Frelimo.

O ser da Frelimo também não basta ter cartão vermelho.

Samora com toda a sua raiva tentou que o povo pensasse como ele, fizesse como ele, enfim, provado está que uma coisa não tem nada a ver com outra.

Quantos generais não combateram a própria Frelimo? Quantos camaradas não combatem a própria Frelimo?

Eu julgo que o problema não é a partidarização. Desde que o ser humano é um animal político há tendências inevitáveis. O que tem de ser feito, quiçá, combatido, é a forma como os bens dos Estado são usados em vantagens desse partido em detrimento do povo.

O contrário, caro amigo, está-se a encher um tambor furado. Outra coisa: eu lido com gente da Frelimo do que da oposição, mas não me curvo de dizer aquilo que me vai na alma. Quem quiser matar-me que faça de frente.

Zicomo

Reflectindo disse...

Caro Viriato

Espero que estejas a começar entender onde realmente está o problema. Ora:

1. Ter cartão da Frelimo não é o mesmo que ser membro da Frelimo. Concordo contigo e porque na verdade há muitos desses, sobretudo funcionários públicos que possuem cartão da Frelimo sem que se simpatizem com a Frelimo. Mas podes explicar porque um cidadão vai ter que ter cartão dum partido de que não se simpatiza?

2. Já percebeste do que se passa com aqueles membros chamados desertores para a Frelimo do que lhes leva a apresentarem-se publicamente, sobretudo em visitas do Presidente da República ou governador?

3. Achas que ultimamente chega com possuir cartão da Frelimo para a pessoa safar-se de incómodo? Viste o que vem no manual de mobilização da Frelimo?

"O PROBLEMA NÃO É PARTIDARIZACÃO, MAS a forma como os bens dos Estado são usados em vantagens desse partido em detrimento do povo." (Viriato)

1. Se não fosse o uso dos bens do Estado para fins partidários, achas que algo se chamaria de partidarizacão? É partidarizacão de instituicões públicas precisamente porque se elas que são bens do Estado são usadas em benefício da Frelimo. O que está em causa não é João é membro deste ou daquele partido. Já viste o que aconteceu durante as eleicões eleitorais de 2008 (autárquicas) e gerais e presidenciais de 2009?

2. O que fazem os directores, PCA, frelimizados? Muitos destes são os que praticam fraudes ou que foram promovidos precisamente por terem praticado fraudes. Os observadores fantasmas das eleicões, os mobilizam os meios do Estado para a campanha da Frelimo.

3. Viriato, não se está a encher tambor furado, mas está-se a fazer um combate de um mal. Afinal, queres que seja a comunidade internacional a fazer essa luta? Ou o meu amigo tem medo de enfrentar a Frelimo?

"...eu lido com gente da Frelimo do que da oposição, mas não me curvo de dizer aquilo que me vai na alma. Quem quiser matar-me que faça de frente." (Viriato)

O problema pode não ser dizer ou não o que lhe vai na alma, mas desde tenhas o cartão da Frelimo e vás lá enganar os teus compatriotas a favor da Frelimo então és promovido, fazes carreira profissional. É isso. É isso que Manuel Tomé disse publicamente.

Insisto sobre Nampula e no sector da Educacão porque conheco perfeitamente ex-colegas nessas situacões. Conheco deputados da Frelimo que repetem o discurso de Manuel Tomé.

Abraco

Reflectindo disse...

Caro Viriato

Ainda para acrescentar, aquilo que se passou a um académico, ex-deputado, e que acabou morrendo se passa muito nos edifícios onde funcionam ministérios em Maputo.