quarta-feira, junho 30, 2010

Desenvolvimento como factor de unidade em Moçambique (2)

TRIBUNA DO EDITOR

Por Fernando Gonçalves

“O que é que põe os moçambicanos unidos?” é uma pergunta que aqui já foi colocada e que sugeria várias possibilidades de resposta. Nesse leque optamos por colocar no mastro que nos orienta, uma delas, isto é, “o apego à luta pelo desenvolvimento”. Como se manifesta esse apego na agricultura, na indústria, no comércio, etc.? Abordou-se, sucintamente, o estágio de desenvolvimento da agricultura e não foi avançado nada que constitua novidade, quer dizer, ela ainda não permite que Moçambique seja auto-suficiente em termos alimentares. Também foi tratada, ligeiramente, a questão do fomento pecuário onde, por maioria de factos no terreno, percebe-se que a aposta é ainda modesta. Na última parte concordamos que a agricultura é uma actividade de risco, entretanto, questionamos: o que fazer para que ela assim não seja? O que a nossa unidade nacional nos tem emprestado para responder a esta questão?
Pegando nesta última, de vibração assinalável, percebemos que a mesma nos remete a outras: é o desenvolvimento que reforça a unidade nacional ou o reforço desta condiciona a primeira? Os dois sentidos são válidos. Condicionam-se mutuamente. Mesmo assim, o que dizer, neste caso, se atendermos que Moçambique, no mapa global (sócio-económico e não só), é considerado um dos países mais pobres do planeta? O que dizer? Muito. Facto inegável é que ele não é desenvolvido! Logo, por hipótese, não são os nossos níveis de desenvolvimento que reforçam a unidade nacional. Então, como as hipóteses aqui não se esgotam, sobra-nos algo que deve ser acarinhado: o reforço da unidade nacional! É uma via para o desenvolvimento. Nesta ordem de ideias o que pode significar reforço da unidade nacional? É complexo. É, de facto, um processo. O mesmo acontece com o próprio desen¬volvimento. Há um sentido, olhando para estes dois, que dá luzes mais fortes ao outro.
Entretanto, continuemos a manter o que já assumimos: que quem dá luz para o desen¬volvimento seguir o seu complexo percurso é o reforço da unidade nacional. Estavamos em torno do que este podia significar. Sim, é preciso perceber, logo à partida, que não se reforça a unidade nacional com exclusões, seja esta positiva ou negativa, esteja esta mascarada sob a forma de quotas, etc. Ênfase necessária deve estar, sim, naquilo que é inclusão no verdadeiro sentido da palavra. Mas não é só a exclusão que mina a unidade nacional e, logo, o desen¬volvimeto. Os vários relatórios, estudos, etc., fazem perfilar uma série de entraves, referidos vezes sem conta, onde as teclas dominantes e repetitivas têm sido a corrupção, o compadrio, o nepotismo, os espíritos de “deixa-andar” e “não deixa-fazer”, a inércia do monopartidarismo, a confusão entre o partido e o Estado, a demagogia política, o populismo doentio, etc. A lista é enorme e, muitas vezes, positivamente redundante. Como resolver este leque de entraves numa paisagem económica dominada pelo dito “capitalismo selvagem”? Como contrariar todos esses aspectos negativos em benefício da unidade nacional? Como ver a questão da pobreza quando os que comandam o seu “dito combate” só se esforçam infrutiferamente em não pertencer ao “clube ostentação”. Por que razão os que podem ostentar estão preocupados em não o fazer quando a riqueza os empurra para esse facto? Reforça a auto-estima saber que um determinado conjunto de bens pertence ao fulano de tal, que é moçambicano e conhecido por uns tantos e outros. Parecendo que não, de facto, reforça. Ainda que não seja bem visto por um determinado sector político que prima por uma oposição ao pragmatismo.
A unidade nacional anda, de há uns tempos a esta parte, beliscada por todos esses entraves já referidos. É preciso soprar sempre que essa dor se apodera de cada um de nós. Mas, a melhor solução é não tê-la para não termos que, em algum momento, aliviarmo-nos dela. Alguns estão tão afectados por vários desses entraves que já não têm por onde começar a soprar! Mas, apesar de tudo, é numa situação de aflição, de luta pelo desenvolvimento, que é necessário reforçar a unidade nacional. Temos que estar sob efeito de um sonho mais concreto que nos faça procurar crescentemente sonhos maiores, temos que ser um poucos mais loucos, mais ambiciosos na prática. Ou, se preferirem, temos que ser loucos a falar, mas mais loucos a concretizar! É isto que poderá reforçar a unidade nacional e, consequen¬temente, promover o desenvolvimento. O que podemos concluir de tudo isto?

(Cont.)

Fonte: Savana - 04.06.2010

Na Jamaica: Barão de droga preso

A polícia jamaicana anunciou terça-feira a prisão de Christopher “Dudus” Coke, o traficante de drogas mais procurado do país, apoiante e financiador do Partido Trabalhista no poder.
Ele entregou-se aos policiais com a intermediação de um pastor evangélico. Em Maio, 73 pessoas morreram durante confrontos entre as forças de segurança e gangues que resistiam à ordem de captura do traficante.
Coke, de 42 anos, é acusado de tráfico de armas e drogas. Ele corre o risco de ser extraditado para os EUA, onde deve cumprir pena de prisão perpétua. De acordo com informações da polícia local, ele entrou de maneira inesperada numa esquadra de policia acompanhado do reverendo All Miller, o mesmo que mediou a rendição do irmão de Coke, no início do mês.
A prisão encerra uma violenta busca. No mês passado, durante quatro dias, uma onda de violência atingiu a Jamaica após a decisão do governo de extraditar Coke. Mais de 200 pessoas foram presas durante as tentativas de capturar o criminoso. O clima de insegurança levou os habitantes de Kingston a viverem sob estado de emergência.
As forças de segurança tiveram grande dificuldade para entrar e controlar os bairros de Tivoli Gardens e West Kingston, onde Coke se escondia com o apoio da população mais pobre, que era ajudada por ele. . Procuradores dos EUA acusam Coke de ser o actual líder da “Shower Posse,” quadrilha que cometeu centenas de assassinatos durante guerras entre traficantes de cocaína na década de 1980. A Justiça americana acusa Coke e seu bando de abastecer Nova York e outras cidades da costa leste americana com maconha e cocaína, provocando as guerras entre quadrilhas rivais.
Coke comandava uma violenta milícia local e era um grande aliado do Partido Trabalhista, actualmente no governo. O primeiro-ministro(PM) jamaicano, Patrick Allen, teve apoio do traficante para ser eleito como representante da região que é reduto de Coke.
Por isso, inicialmente, o PM jamaicano rejeitou o pedido americano de extradição, alegando que as provas teriam sido obtidas de forma ilegal. O episódio azedou as relações entre Kingston e Washington. Allen, no entanto, acabou cedendo e aceitando extraditá-lo para os EUA.

Fonte: SAVANA - 25.06.2010

terça-feira, junho 29, 2010

Por um pacto de inclusão

Editorial SAVANA

Independência ano 35

35 anos na vida humana são, claramente, capital adquirido em maturidade e experiência.
Não é assim na vida dos países e das nações.
Por isso Moçambique é um país muito jovem. Para se ser mais exacto, gatinha ainda.
As suas instituições são débeis, os processos organizativos estão a meio caminho. No questionamento da herança, nas experiências que se puseram de lado, na coragem do por em causa e do recomeçar de novo.
Os mulheres e os homens de que o país é feito passam também por estes processos. E é natural que as curvas e contra-curvas provoquem interrogações e perplexidades.
Dos levantados do chão promovidos à categoria de humanos com direito à palavra. Dos que compraram o sonho igualitário de um país novo cheio de utopias de paraíso da terra.
Dos esventrados por guerras e disputas que deixaram as famílias exangues, exaustas e exasperadas.
Dos crentes e levados à crença do deus mercado, do percurso circular ao ponto de partida sem o algoz colono. Mas com outros algozes, também para aqueles que nasceram depois de 1975, que do passado têm de recorrer à memória dos outros.
35 anos são um corolário de sinuosidades.
Felizmente para todos, o percurso escreve-se hoje com várias cores e matizes. Embora haja um coro de convictos que tentam vender óculos, lentes e binóculos para que todos vejamos a realidade da mesma maneira, as marcas que carregamos connosco não nos permitem ver assim. E de cada certeza que nos anunciam, cultivamos as nossas dúvidas e resistências.
Se nos tentam calar com os números da educação massificada, devemos questionar a qualidade do ensino, dos métodos de aprendizagem, da qualidade e condições dos professores, dos formandos que queremos habilitados para enfrentar o mercado do emprego e do trabalho.
Se nos dizem da medicina para todos, devemos ripostar com o olhar crítico às bichas nos centros de saúde que pagam a preços de mercado fixados pelo próprio Estado que clama despudorado igualitarismo.
Se a habitação agora é que vai ser, devemos questionar a preguiça em pensar por cima de uma parque imobiliário herdado do colono e que permitiu o balão de oxigénio a que se chamou venda de chaves, para alavancar as novas urbanizações à volta das cidades tradicionais.
Se nos dizem que nos devemos todos agarrar à bandeira da unidade nacional, devemos com a mesma energia refutar chauvinismos e velhas fobias exigindo a pedagogia que nos foi transmitida por Samora, para com sucesso afastar a divisão que os nossos invernos de carências e assombrações nos espreitam a cada esquina, a cada dia que saímos à luta para cimentarmos o barro de sermos país e nação em construção.
35 anos são também 20 anos de multipartidarismo e liberdades individuais.
No amanhã que queremos, não cabem as visões estreitas, feitas apenas de slogans e cartões vermelhos de acesso directo à grande caverna de Ali Babá Das siglas e emblemas que ditam exclusores e excluídos.
A unidade nacional que alimenta marchas simbólicas e orçamentos faraónicos no reverso da mão estendida à solidariedade internacional, a unidade deve ser cultivada nas capacidades de todos e de cada um de nós que quer um país diferente, avançado, moderno.
Para isso temos de fazer um pacto. Um exorcismo contra as velhas crenças que nos continuam a dividir e nos atrasam nas nossas ambições.
O nosso pacto na diversidade é pelo desenvolvimento e pela prosperidade.
Um pacto em que os moçambicanos sejam todos sujeitos e que acreditem de novo, como acreditaram em 1975, que este é um país de todos e para todos.

Fonte: SAVANA - 25.06.2010

quinta-feira, junho 24, 2010

Marco do Correio

Por Machado da Graça

Olá Judite

Espero que esta carta te encontre de boa saúde, minha amiga. Do meu lado tudo bem.
Escrevo-te hoje para te falar de alguns aspectos interessantes sobre a vida e a economia desta nossa cidade de Maputo.
Porque, na capital, estamos a assistir a fenómenos que parecem contraditórios, embora talvez não o sejam.
Eu explico:
Por um lado toda a gente fala de uma grande crise económica. Pequenas e médias empresas estão a ir à falência todos os dias, toda a gente deve a toda a gente e ninguém sabe se e quando vai poder pagar.
Por outro lado, na baixa da cidade crescem prédios de um tamanho enorme, iguais ou mais altos que o famoso “33 andares”, que foi o nosso recorde por muitos anos. E não há um palmo de terreno disponível, e as novas empresas nascem e crescem como cogumelos, muitas delas ostentando nomes em inglês para parecerem mais sofisticadas.
Há poucos dias estive a ler uma lista de novas empresas ligadas ao sector da exploração mineral e dos seus donos. Embora as empresas sejam muitas, na prática os proprietários são relativamente poucos. E agrupados em muito poucas famílias (dessas de pai, mãe e filhos). Os que não cabem nestas poucas famílias cabem todos, sem excepção, na grande família FRELIMO.
Vais-me dizer que não nos devemos admirar. Que são pessoas com espírito empreendedor e, portanto, que avançam logo para as áreas onde o seu empreendedorismo pode dar frutos.
Mas a mim parece é que são pessoas com informação privilegiada sobre o que se está a passar na economia nacional e que, portanto, se adiantam aos outros sectores da população que ignoram ainda as possibilidades que se estão a abrir no mercado.
E o resultado é que, quando ouvimos falar de um novo grande projecto no país e ficamos a saber quem são os seus proprietários, descobrimos que há os grandes investidores estrangeiros, que foi quem colocou lá o seu dinheiro, e, depois, aparecem essas pequenas empresas que lá estão por obra e graça do Espírito Santo. E é até melhor não investigarmos melhor as razões do tal Espírito Santo, para não irmos descobrir coisas que ninguém gosta de saber.
Num país em que a burguesia praticamente não existia, nós estamos a criar a nossa a partir do controlo do Estado. Quem controla o Estado é quem dá autorizações, concede benefícios e contratos e permite que outros prosperem. Em troco, é claro, de uma fatia dessa prosperidade.
Quem controla o Estado controla também as empresas públicas, lá colocando a mamar na teta os seus filhos, afilhados e amigos, por pouco ou nada que eles percebam da actividade das tais empresas.
E, é claro, todos esses benefícios acabam por ficar fechados no círculo íntimo da mesma família política.
O resultado é que a burguesia que está a nascer no país não deriva de factores económicos mas sim de factores políticos. Não se chega a burguês devido ao trabalho aturado e às capacidades de produzir e vender.
Chega-se devido à capacidade de votar como o chefe manda, de não fazer ondas, de dar lustro ao sapato do chefe, de aplaudir entusiasticamente.
Isto para não falarmos dos que enriquecem, do dia para a noite, através de meios claramente criminosos, mais ou menos ligados a pós, comprimidos e fumos. Também esses discretamente tolerados pelo Poder, que mostra enormes dificuldades para ver o que se está a passar.
Está agora muito na moda falarmos de gerações. A minha esperança é que a geração dos filhos destes novos burgueses de hoje passe a ganhar a vida de forma mais digna que a dos seus pais.
Mas não tenho grande esperança. Diz-se que “de pequenino é que se torce o pepino” e a sensação que tenho é que estes nossos “pepinos” estão a ser torcidos para o mau lado.
Esperemos que eu me engane.
Um abraço para ti do

Machado da Graça

Fonte: Correio da manhã in Diário de um sociólogo

domingo, junho 20, 2010

O Xiconhoca já virou a regra

— denuncia Jorge Rebelo, antigo combatente, que diz também não entender muito bem o conceito de geração da viragem

Por Armando Nenane

O antigo combatente da Luta de Libertação Nacional, Jorge Rebelo, entende que os desafios que os jovens têm que enfrentar hoje não têm nada a ver com a libertação do país tal como aconteceu com a sua geração no passado. Falando na manhã desta quarta-feira por ocasião dos 35 anos da Independência Nacional, num encontro promovido pelo Parlamento Juvenil de Moçambique, o também antigo ministro da Informação no governo de Samora Machel defendeu que o mérito conquistado pela geração que trouxe a Independência ao país também podia ter sido alcançado pelo jovens de hoje caso tivessem vivido no mesmo contexto.
Jorge Rebelo chamou atenção aos jovens no sentido de não olharem para os antigos combatentes com tanta veneração. “Muitas vezes tenho sentido que os jovens encaram os antigos combatentes dessa forma, mas é preciso reparar que eles fizeram o que fizeram porque sentiram que a Pátria precisava deles para libertarem o país”, elucidou.
Acrescentou que hoje já não é preciso libertar o país. No passado, os jovens da Frelimo tiveram que ir à escola aprender a pegar em armas, a estudar a posição do alvo, a disparar, mas hoje os jovens devem direccionar a sua inteligência, conhecimento e coragem para outros combates, como o combate à pobreza, ao analfabetismo, a SIDA, à corrupção, a descoberta de novas formas de aumentar a produção agrícola, a comercialização, assim como criar mercados internos e externos.

Drogas: Para refrescar a memória*

Por Paul Fauvet

Quando a 1 de Junho o presidente Barack Obama nomeou o empresário Momade Bachir Sulemane como um barão da droga, a reacção avassaladora nos media moçambicanos foi de surpresa, choque - e até mesmo de condenação dos americanos por arruinarem um empresário supostamente inocente.
No entanto, a movimentação norte-americana contra um alegado “barão” de drogas moçambicano não deve constituir nenhuma surpresa. Desde meados da década de 1990, Moçambique tem sido usado como corredor por traficantes de drogas, mas até agora nenhuma figura chave no tráfico já foi condenada.
Grandes apreensões de droga foram feitas. Assim, em 1995, a polícia apreendeu 40 toneladas de haxixe transportadas por Maputo, em dois camiões. As investigações definharam e a única pessoa verdadeiramente presa em conexão com esta apreensão foi o condutor de camião Samssudine Satar. (à colação vêm o empresário Mahomed Ikbal do Grupo AGT de Nampula, entretanto falecido, o advogado Albano Silva, o jornalista Carlos Cardoso, assassinado e o empresário Issufo Ali, assassinado, NdR).
Também em 1995, um laboratório para a produção de mandrax foi descoberto no bairro Trevo, na cidade da Matola (a proprietária da casa pertencia à nomemklatura da Frelimo, NdR). As pessoas que lá trabalhavam atearam-lhe fogo, mas esta tentativa de destruir as provas não deu certo, e os policiais concluíram que o equipamento existente era para a produção em massa de mandrax, uma droga para a qual existe um grande mercado na África do Sul

sábado, junho 19, 2010

Zimbabwe: que eleições?

Por Edwin Dube*

Sugestões para que eleições sejam realizadas agora no Zimbabwe estão a ganhar expressão cada dia que passa.
O Congresso dos Sindicatos do Zimbabwe (ZCTU) propôs na semana passada que eleições presidenciais fossem realizadas o mais breve possível, e ontem (27 de Maio) a Zanu-PF respondeu retoricamente dizendo que estava preparada para as eleições.
Sinais de que eleições poderão estar iminentes podem ser vistos pela forma como as igrejas se tornaram plataformas de campanha tanto para o Movimento para a Mudança Democrática (MDC) como para a Zanu-PF.
O sentimento eleitoral está também evidente no discurso de ódio que está a aumentar na comunicação social. Não há nada de errado em partidos políticos estarem prontos para eleições, mas qualquer sugestão de que eleições devem ser realizadas agora, é uma brincadeira política de mau gosto.
A única voz sóbria no meio de toda esta conversa é de Arthur Mutambara. Ele já disse que é necessário primeiro que o governo inclusivo crie a sua própria força de manutenção da paz, envolver-se numa efectiva reconciliação, introduzir reformas sobre a comunicação social e mudar a Comissão Eleitoral. Outras questões incluem uma efectiva Comissão dos Direitos Humanos.
Embora os membros do parlamento possam resistir à ideia de eleições pelo facto de que não só isso significará a redução dos seus mandatos mas poderá também ser dispendioso em termos de recursos e capital humano, alguns políticos estão decididos a avançar para frente.
As feridas resultantes das eleições de 2008 ainda estão frescas na mente da maioria dos zimbabweanos, que se sentem confortáveis em continuar com a sua vida sem terem que se submeter a sevícias infligidas por activistas políticos. Para os camponeses nas zonas rurais, eleições no Zimbabwe representam o espectro da diabólica violência a que foram sujeitos nas eleições de 2008. para o cidadão comum, apenas a situação económica melhorou, mas há várias questões ainda não resolvidas na frente política.
Dentro do próprio governo de unidade nacional parece haver muita tensão, que se torna difícil acreditar qualquer sugestão de que os líderes políticos já enterraram o machado de guerra. Dificilmente passa uma semana sem que o MDC se queixe de que a Zanu-PF está a cometer arbitrariedades no funcionamento do governo. Os jornais estão repletos de histórias sobre o flagrante desrespeito a que tem sido sujeito o Primeiro Ministro, Morgan Tsvangirai. Ministros a boicotarem reuniões do Conselho de Ministros, o Primeiro Ministro a reclamar não ter sido consultado sobre esta ou aquela decisão, e membros do governo a apontarem para a alegada ignorância do Primeiro Ministro sobre questões protocolares e de procedimento, são algumas das questões que vêm imediatamente à memória.
Os zimbabweanos têm estado a ler informações da imprensa sobre o circo em que se tornou o governo de unidade nacional. E estas são as mesmas pessoas que tentam dar a impressão de que as coisas mudaram!
Os principais actores políticos no país não podem aldrabar o povo, afirmando que as coisas mudaram desde 2008. De facto, os que querem eleições devem dizer em nome de quem é que estão a falar, porque não é certamente em nome do cidadão comum. As mesmas pessoas que estavam no poder em 2008 ainda continuam lá. Por exemplo, os mesmos chefes militares que mostraram desprezo contra Tsvangirai ainda continuam nos seus uniformes. Que garantias há de que eles irão aceder a uma mudança de governo, caso o seu candidato preferido perca? Que garantias temos de que o actual líder irá entregar o poder caso ele perca as eleições? Que garantias temos de que não haverá violência depois das eleições? E, de facto, caso o actual líder ganhe, que garantias temos de que as eleições serão aceites pela comunidade internacional como tendo sido legítimas?
Embora queiramos gritar sobre a nossa soberania e independência, é do conhecimento geral que um dos principais problemas que o actual governo do Zimbabwe enfrenta é o da sua legitimidade. De outro modo, não teria havido necessidade de um governo de compromisso!
Os zimbabweanos já demonstraram muita resistência e paciência face ao abuso a que têm sido sujeitos pela sua classe política. Os políticos devem saber que não podem indefinidamente levar os cidadãos deste país de ânimo leve. Os políticos devem levar o eleitorado à sério, e não apenas olharem para os seus próprios interesses em detrimento das liberdades do cidadão comum. De qualquer modo, ainda há muito que fazer em termos de reconciliação nacional. O Zimbabwe ainda não está preparado para eleições!

*In The Zimbabwe Independent (SAVANA -04-06.2010)

quinta-feira, junho 17, 2010

O peso lancinante da incultura jurídica (1)

Por João Baptista André Castande

Do pouco que li e ouvi até hoje em volta do agora tratado por “O caso Bashir”, posso resumir no seguinte:

1. Os Estados Unidos da América (EUA), no âmbito do exercício do direito de soberania do Estado, em defesa da sua economia e dos seus cidadãos, aprovaram, em Dezembro do ano de 1999, a Lei dos Barões da Droga Estrangeiros (Drug Kingspin Act);
2. Uma das disposições da Lei em alusão obriga o Presidente dos EUA a, periodicamente, comunicar ao Senado a lista actualizada dos indivíduos estrangeiros considerados narcotráficos;
3. Depois dessa comunicação, os cidadãos americanos são expressamente proibidos de estabelecer relações de negócios com os narcotráficos alistados, cujos bens ou negócios que porventura existam no território sob jurisdição dos EUA são imediatamente congelados ou cancelados, independentemente da acção e decisão judicial;

Barclays encerra balcão no “Maputo Shopping”

O BALCÃO do Barclays Bank em Moçambique, com sede em Londres, anunciou que a sua instituição vai encerrar o seu balcão no “Maputo Shopping Centre”, noticiou ontem a AIM.
Um comunicado divulgado pelo Barclays refere que “a partir do dia 23 de Junho, a agência Barclays do “Maputo Shopping Centre” estará permanentemente encerrada. Segundo o comunicado, todas as contas domiciliadas naquele balcão serão transferidas para a agência do Barclays Bank localizada na Rua Joaquim Lapa. A decisão de encerrar esta dependência segue-se à acusação feita pelo Presidente norte-americano ao proprietário do “Maputo Shopping”, Momad Bachir Suleman, de estar envolvido em casos de droga.

Fonte: Jornal Notícias - 16.06.2010

quarta-feira, junho 16, 2010

Quando se zangam as comadres, descobrem-se as verdades...

Canal de Opinião:

Por Noé Nhantumbo

…Ou quando o Quarto Poder se exclui e colabora com os lesa-pátria...

Beira (Canalmoz) – Se havia alguma dúvida sobre o que movia a maioria dos jornalistas moçambicanos, um facto aparentemente não ligado a eles e nem por eles iniciado ou investigado teve a virtude de mostrar para todos o tipo de jornalistas que temos.
Ao mesmo tempo veio validar a tese de que temos uma maioria de intelectuais de trazer no bolso, pois para pouco mais servem.
As diferentes abordagens que abundam na imprensa moçambicana, e elaboradas por jornalistas moçambicanos, sobre o alegado treinamento de terroristas em solo moçambicano só podem espantar aos observadores menos atentos.
Quase todos se pronunciam no sentido e em defesa da soberania nacional, sem olhar para o outro lado da mesma questão. Há já muito tempo que se ouvem e se observam sinais inegáveis de todo um procedimento que coloca a defesa da soberania em risco prático e concreto.
A equação de defesa da integridade e soberania nacionais constituem questões que ultrapassam conveniências partidárias e dizem respeito a todos nós, enquanto cidadãos de um país independente.
Quando do lado da comunicação social pública e alguma ligada aos que realmente decidem e governam este país só se tem um silêncio preocupante, estamos perante uma maneira de estar perigosa para a real soberania nacional. É raro, para não dizer “nunca”, acontecer agentes de tal comunicação virem a público e tratarem de assuntos como o estado e as práticas da Migração nacional. Em Moçambique entra quem quer e introduz-se o que se queira, desde que se saiba utilizar os esquemas apropriados.
Na febre de enriquecer e recuperar o tempo perdido, instalou-se uma cultura de atropelo feroz das leis. E um clima de impunidade florescente favoreceu essa cultura. Em quase todos os sectores de actividade, e até mesmo da parte daqueles que se julgava estarem acima de práticas comprometedoras da segurança nacional, observam-se procedimentos de funcionários que colocam em perigo todo um Estado.
Esta é a situação, em termos resumidos. Falar e abordar estas questões nunca foi tão necessário. O país está a sofrer uma derrapagem nos seus esforços para se reerguer e se afirmar no contexto das nações.
Utilizando uma auto-censura castrante e uma atitude de esconder abertamente o que se sabe e se tem consciência de que é maléfico para os moçambicanos, vemos jornalistas fechando-se em si e explorando vias que só favorecem a manutenção de uma situação insustentável. Não se fala dos processos de “procurement” que levaram à escolha da entidade privada emissora dos documentos de identificação nacionais, porque isso não está em sintonia com o que a chefia do país quer e, aparentemente, mandou fazer. Os desmandos nos diversos sectores de actividade até têm sido oportunamente identificados por entidades competentes, mas daí não resulta nenhuma acção para corrigir o que foi declarado abertamente errado e contrário às leis nacionais.
Por troca de dinheiro estabelecem-se os mais estranhos procedimentos, e depois não se faz nada para contrariar essa maneira de agir, que é efectivamente contra a tal “Pátria Bem Amada” e denominada poeticamente de “Pérola do Índico”.
A comunicação social pública, e alguma que com ela é relacionada, está a contribuir todos os dias para a venda retalhada dos interesses nacionais, ao recusar-se a denunciar práticas reconhecidamente lesivas para o país.
É importante e urgente que se trabalhe no sentido de trazer ordem e respeito para com os órgãos de soberania. É necessário e urgente que se faça o recrutamento de agentes para a PRM que correspondam a um perfil que signifique uma maior capacidade de operar e lidar com os fenómenos da sua responsabilidade. Não se pode continuar a permitir que o nosso país seja um paraíso para traficantes de toda a espécie e que as autoridades simplesmente façam de conta que tudo está a andar bem. O fenómeno da criminalidade e as suas consequências sociais tem de ser tratado conforme convém e é necessário, de acordo com os preceitos da Boa Governação.
Os órgãos de soberania, o Parlamento, as organizações da sociedade civil, as Forças de Defesa e Segurança têm de acordar do sono ou hibernação em que se colocaram e retomar as rédeas do poder neste país.
Urge emprestar seriedade às acções e cumprimento das directivas de funcionamento dos diferentes órgãos e entidades governamentais.
Não se pode ficar à espera que sejam os outros que venham dizer o que temos de fazer para governar o nosso país.
A situação prática de ser um corredor para toda uma indústria migratória que utiliza o país para transferir recursos humanos e materiais para lugares antecipadamente designados não corresponde ao interesse nacional na frente da soberania e da defesa da integridade territorial. A planificação orçamental, a identificação das necessidades de formação dos recursos humanos, a normalização governativa em geral correspondem aos objectivos e à agenda nacional. Então há que fazer de tudo para que isso aconteça.
Não se pretende ensinar a governar a quem está no poder, mas sim afirmar que só é possível governar quando se tem a capacidade de escutar os governados.
A falta de consistência e continuidade na acção, que determinados departamentos governamentais exibem, pode ser um dos reflexos da falta de sentido e de atitudes públicas dos executores. O dilema da pobreza afecta todo o funcionamento da máquina governamental. Ministros, directores nacionais, governadores provinciais, administradores de distrito, professores, médicos, enfermeiros, profissionais de todas as áreas, polícias e soldados vivem num mundo real em que que as circunstâncias favorecem o desenvolvimento de práticas corruptas. Quem não ouviu sobre os problemas de “procurement” no Ministério da Saúde? Quem não se apercebeu que as folhas de salários do sector da Educação tinham problemas na Zambézia? Quem não leu sobre os rombos financeiros na Direcção Provincial de Finanças de Manica? Quem não leu sobre irregularidades nas Finanças de Inhambane, ao ponto de se distraírem e anunciarem num jornal público um concurso para o fornecimento de material político para o partido no poder?
Quem não tem conhecimento de que, na Beira, um imóvel do Estado, os antigos Correios, foram alienados em troca com um edifício declaradamente de menos valor? Quem não tem conhecimento de que há planos de utilização de instalações do Ministério da Defesa por privados? Quanto património dos Caminhos de Ferro de Moçambique não mudou de mãos através de processos ilícitos?
Mas devidamente que os agentes da comunicação social pública não se referem a estes ou outros factos, porque alegadamente lesariam as aspirações de quem governa o país.
Combater a pobreza, governar o país, realizar e concretizar uma agenda com impacto positivo e visível para os cidadãos de Moçambique requer algo mais que trabalhar para encher a barriga.
Estabeleceu-se uma perigosa maneira de estar em certos quadrantes da vida política nacional. A troco de favores e numa atitude mercenária, pessoas com responsabilidades aceitam calar-se e deixar a banda passar.
É um muito mau serviço ao país ver certas intituladas personalidades do jornalismo alinharem por um silêncio cúmplice perante certos factos que alegam serem do domínio restrito. Em nome da segurança, permite-se que assuntos de interesse público sejam retirados e jamais apresentados ao público. Mas quem sofre as consequências são os cidadãos.
Aquando da febre dos transportadores humanos de drogas do Brasil, houve detenções de correios humanos moçambicanos, mas os seus patrões ou zarparam ou jamais se falou deles. Aquelas moçambicanas que foram apanhadas em aeroportos moçambicanos não tinham por si recursos financeiros nem ligações que lhes permitissem irem viajar para o Brasil e adquirirem as mercadorias proibidas que traziam para Moçambique. O dinheiro que a maioria não tem, tem sido utilizado de maneira a garantir o silêncio.
Infelizmente temos directores de órgãos públicos aceitando calar-se e actuarem em sintonia com determinados interesses, em vez de promoverem um debate nacional activo e significativo. Temos uma “corja de corvos”, que se supõe insubstituível, cavalgando com autorização plena de fazê-lo.
Desde que não se esqueçam de censurar e auto-censurar, interessam aos detentores do poder.
Está claro que assim não se combate pobreza alguma nem se promove a auto-estima nacional.
Assim a única coisa promovida é a mediocridade institucional e a corrupção desgastante.
Por hoje vou ficar por aqui... (Noé Nhantumbo)



Fonte: CanalMoz - 2010-06-16 06:51:00

terça-feira, junho 15, 2010

Chama da unidade” é dispêndio de dinheiro

Critica Daviz Simango, em Nampula

Não cabe a um chefe de Estado ou partido definir uma geração numa determinada nação.
Daviz Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique, que se encontra desde a manhã de ontem em Nampula, mostrou-se indignado com a forma como o governo está a preparar as festividades do trigésimo quinto aniversário da Independência Nacional, que se assinala no próximo dia 25 de Junho. Para Simango, o governo está a gastar muito dinheiro para a circulação, em todo o país, da “chama da unidade”, valor que, no seu entender, devia ser aplicado em projectos de desenvolvimento social, económico e cultural que, de facto, promovem a unidade nacional e reduzem as assimetrias.
“A chama está a gastar muito dinheiro. Quantas ambulâncias, quantas escolas, quantos hospitais, quantas vidas seriam salvas com os custos que estamos a gastar com a chama? A chama em si não une o povo moçambicano, o que une o povo moçambicano é atitude dos moçambicanos. E essa atitude deve ser compartilhada por quem está no poder. Este que está no poder deve dar um sinal claro de abertura; tem que dar um sinal claro de despartidarização; tem que dar a mesma oportunidade aos antigos combatentes e aos jovens que lutaram pela democracia”, disse Simango, para depois acrescentar que a circulação da “chama da unidade” não passa de um exercício de cinismo, porque os principais mentores e protagonistas destas ideias “são, por outro lado, os principais promotores da exclusão, do divisionismo e do grupismo que atentam contra a unidade nacional”.
Num outro desenvolvimento, Simango disse, à semelhança do reitor da Universidade Eduardo Mondlane, Filipe Couto, não perceber o que o Presidente da República, Armando Guebuza, pretende dizer com o termo “geração da viragem”. No seu entender, não cabe a um chefe de Estado ou partido definir uma geração numa determinada nação, mas sim o povo é que faz a sua história, e essa história encarrega-se de firmar as suas gerações.
Simango vai permanecer na província de Nampula até domingo, e prevê escalar todos os distritos daquela província. Fontes partidárias sublinham que este périplo de Daviz Simango por Nampula é uma oportunidade que ele encontrou, no âmbito da sua participação na reunião nacional dos municípios, que decorre entre hoje e amanhã na capital do norte.

Fonte: O País online - 15.06.2010

segunda-feira, junho 14, 2010

Caso Bachir/MBS continua na ordem do dia

O caso Bachir ou MBS continua na ordem do dia. Informações obtidas este fim-de-semana pelo Canalmoz junto de fontes da Procuradoria Geral da República dão conta que esta prossegue as suas diligências junto das autoridades americanas que a 1 de Junho corrente declararam o patrão do MBS, como um “barão da droga” e o acusaram ainda de estar envolvido em “lavagem de dinheiro”. Para já o assunto é apenas entre as autoridades do Departamento de Tesouro americano, com Mahomed Bachir Sulemane.
Por outro lado apurámos de Máximo Dias, advogado de Mahomed Bachir Sulemane, que o caso irá ser devidamente tratado nos Estados Unidos mas que tendo em conta os prazos processuais habituais só deverá permitir alguma conclusão “daqui a dois anos”.
O causídico admitiu, no contacto com o Canalmoz, que o seu cliente se enganou quando disse que nunca esteve detido ou preso. Está confirmado que já foi detido há anos atrás, em Nacala. “Não se lembrava”, disse ao Canalmoz, na última sexta-feira, o seu advogado.
Sabe-se ainda que teve um episódio do género, na Swazilândia.
Entretanto, apurámos que a Comunidade Mahometana de Maputo esteve reunida informalmente na noite da última quinta-feira para apreciar um pedido de demissão interposto por Mahomed Bachir Sulemane do cargo de presidente da agremiação. Foi também apreciado o pedido de demissão de Kayum, filho de Bachir Sulemane, do cargo de vice-presidente.
Segundo fontes do Canalmoz, no encontro tentou-se votar a continuidade do pai e filho nos cargos que ocupam na Direcção da comunidade Mahometana, na Baixa de Maputo, mais precisamente na Av. Albert Luthuli, mas a iniciativa não foi conclusiva por alegadamente não se ter tratado de uma assembleia geral formal dado que não só não houve convocatória nos termos dos estatutos que prevêem que esta seja publicada num jornal de grande circulação, com oito dias de antecedência, como “a mesa não estava constituída legalmente, nem houve quórum suficiente”. Esteve também ausente o presidente da Mesa da Assembleia Geral, Mahomed Hanif, porque estava em viagem, como nos disseram, a Nacala, “de onde é natural”.
Bachir, recorde-se, iniciou as suas actividades comerciais em Nacala.
Disseram-nos que houve votação aberta e que se registou grande apoio à continuidade de Mahomed Bachir no cargo, mas que continua a existir na comunidade grande contestação e a persistirem exigências para que se realize uma Assembleia Geral devidamente organizada nos termos dos estatutos para que se vote o assunto através de voto secreto e não aberto.
A comunidade Mahometana em Maputo calcula-se que tenha cerca de 35 mil elementos, mas terão estado na AG cerca de duzentos. Esta comunidade é considerada por muitos outros crentes islâmicos das muitas outras comunidades, a comunidade dos mahometanos ricos de Maputo.

Bancos

Quanto aos bancos que têm instalações no Shopping de Maputo pertencente a MBS, uma fonte do Barclays garantiu-nos que uma ordem escrita proveniente da sede do banco em Londres, instruiu a administração local a encerrar imediatamente a referida agência. Fonte do banco disse-nos que a medida é preventiva para evitarem problemas para o próprio banco, designadamente com as suas cotações em bolsa mas sobretudo com as transferências internacionais que passam todas pelo centro de controlo em Nova York.
Existem no centro comercial de Bachir, outras duas agências bancárias: do BCI e do Millennium-bim.
O dono do MBS já reconheceu publicamente, através da TVM, a televisão pública de Moçambique, que os bancos já lhe manifestaram interesse em romper as relações com ele.

(Fernando Veloso)

Fonte: CanalMoz- 2010-06-14

domingo, junho 13, 2010

Sim, à Geração da Verdade!

Por Bayano Valy

Não se trata de nenhum erro. Quero dizer Geração da Verdade e não Geração da Viragem; esta última deixo para o Presidente Armando Guebuza, os doutores de propaganda da Frelimo e os demais “geracionistas” disseminarem-na ad nauseum.
Pessoalmente, entendo que a discussão das tais Três Gerações enquadra-se dentro da estratégia de marketing político do partido Frelimo, ou seja, criou-se um produto tão ubíquo quanto irreal – todo o mundo fala dele mas não existe senão apenas nos discursos.
Várias questões podem ser colocadas mormente o fundamental objectivo da Geração da Viragem: por exemplo, é possível derrotar a pobreza? Não se conhece nenhum país em que a pobreza foi derrotada, mesmo os mais poderosos têm bolsas de fome no seu seio. Não se estará a colocar a fasquia tão alta que nem o Gigante de Manjacaze conseguiria ultrapassar? Ademais, “lutar contra algo” traz sempre consigo uma conotação negativa; nem sei se isso não impacta negativamente na psique social moçambicana.
Das três gerações que representam a nação, segundo a Frelimo, me parece que apenas uma teve uma vontade própria, uma consciência própria. Foi esta vontade e consciência que a levaram a lutar por Moçambique. Não tiveram ou receberam qualquer orientação que fosse senão das suas próprias consciências, das suas vontades.
O mesmo não se pode dizer da Geração 8 de Março, muito menos do novo produto Geração da Viragem. A Geração 8 de Março foi uma imposição da FRELIMO; os jovens não tiveram muita lactidude de escolha. Seguiram ordens e as cumpriram. Portanto, a geração não foi fruto de uma consciência e vontade próprias. O mesmo se pode dizer da proposta Geração da Viragem: não nasce do seio da juventude ou de um sentimento juvenil de que é necessário o seu envolvimento em algo que não seja pensar no seu próprio umbigo. Nasce algures e a juventude, ou um punhado de jovens, os “geracionistas”, vai servindo de caixa de ressonância.
Mas o que mais me espanta é que lança-se um produto e não se quer que o discutamos. Este me parece um dos grandes problemas deste país: faz-se de contas que todos podem falar apenas para o Inglês ver. Um exemplo flagrante, foi o Presidente da República, que aquando da tomada de posse aconselhou o seu governo a não ter receio da crítica justo porque a mesma ajudava a crescer, ter tentado coarctar o debate. Ninguém está assustado, penso que o maior problema é que as explicações não convencem e se não se está convencido, não se pode apropriar de seja lá o que for. Alguém está assustado?
É contra este pano de fundo que eu acho que nós os jovens temos que ter algo nosso, algo que possa espelhar os nossos anseios; algo em que possamos encontrar uma Utopia nossa. Acho eu que é altura de nós os jovens criarmos algo com que possamos nos identificar, uma Geração da Verdade.
A Geração da Verdade seria uma geração de jovens pensantes, com vontade e consciência própria, de jovens que não se preocupassem em defender as cores de seja lá qual fosse o partido político, raça, religião, etnia, entre outros, mas sim as cores da bandeira nacional, visando promover o bem estar cultural, social, económico e político.
Uma geração de jovens que colocaria as ferramentas científicas ao seu dispor na busca constante da verdade (se é que esta existe). Na concepção da Geração da Verdade, a verdade não seria nada menos que encontrar formas de operacionalizar os artigos plasmados na Cons¬tituição da República de modo a criar-se um Estado justo, igualitário, emancipador, entre outros.
A Geração da Verdade seria uma geração comprometida em promover a cidadania e alargar o debate na esfera pública; uma geração que promoveria ideias pelo seu mérito e não pela sua atracção política, religiosa, rácica ou étnica.
A Geração da Verdade exaltaria o patriotismo que seria acima de tudo almejar o melhor para Moçambique. Esta geração se constituiria por jovens inquiridores, respeitadores, e responsáveis. Jovens que não se conformam com respostas ou soluções fáceis; jovens que exigem respon¬sabilização na má gestão da coisa pública; jovens que promovam a previsibilidade no exercício da burocracia nacional.
Finalmente, a preocupação fundamental da Geração da Verdade seria de produzir co¬nhecimento objectivo com o intuito de contribuir no crescimento de Moçambique no concerto da nações. A democracia apenas pode funcionar se exigir de si e das lideranças políticas, económicas e sociais a aplicação de altos padrões de cidadania.

Fonte: Savana in Diário de um sociólogo- 11.06.2010

sábado, junho 12, 2010

Drugs - Revisiting Recent History

Column

By Paul Fauvet

When, on 1 June, US President Barack Obama named Mozambican businessman Mohamed Bachir Suleman as a drugs baron, the overwhelming reaction in the Mozambican media was surprise, shock - and even condemnation of the Americans for ruining a supposedly innocent entrepreneur.
Yet the American move against an alleged Mozambican drugs "kingpin" should have come as no surprise. Since the mid-1990s, Mozambique has been used as a corridor by drugs traffickers, but to date no key figure in the trafficking has ever been convicted.
Large scale drug seizures have been made. Thus in 1995, the police seized 40 tonnes of hashish being carried across Maputo in two trucks. The investigations petered out, and the only person ever jailed in connection with this haul was a driver, Samssudine Satar.
Also in 1995, a laboratory producing the drug mandrax was discovered in the Trevo neighbourhood in the southern city of Matola. The people working there set it on fire, but this attempt to destroy the evidence was botched, and the police concluded that the equipment there was for the mass production of mandrax, a drug for which a sizeable market exists in South Africa.

Eleições poderão ser marcadas com dois anos e meio de antecedência

Revisão do pacote eleitoral

A primeira alteração prende-se com a marcação da data das eleições. Alfredo Gamito integra a comissão destacada, no parlamento, para o assunto da revisão do conjunto de leis eleitorais, e revelou que a proposta a ser apresentada em Agosto define entre 31 e 32 meses de antecedência, como prazo mínimo para a fixação da data das eleições.
A actual lei 7/2007, de 26 de Fevereiro, relativa à Eleição do Presidente da República e dos Deputados da Assembleia da República, define, no seu artigo 6 que “A marcação da data das eleições presidenciais e legislativas é feita com antecedência mínima de cento e oitenta dias pelo Presidente da República, por Decreto, e sob proposta da Comissão Nacional de Eleições.”
Ora, este prazo já foi, várias vezes, posto em causa uma vez que parece apertado para acolher todo o processo eleitoral à si dependente, como a actualização do recenseamento eleitoral, eleição de candidatos e apresentação de candidaturas, preparação da campanha, recolha de assinaturas que suportam as candidaturas, entre outros.
No debate promovido ontem pelo Observatório Eleitoral para se discutir os contenciosos eleitorais dos escrutínios de 2008/9, bem como discutir ideias a serem tomadas em conta na revisão do pacote eleitoral, alguns intervenientes apontavam para a definição de um prazo mínimo de 3 anos para a marcação da data das eleições, mas Gamito deixou claro que poderá ser de cerca de dois anos e meio.
Na ocasião, o juiz conselheiro do Conselho Constitucional, João Ngwenya, considerou que o prazo de 180 dias definido por lei tem sido uma das causas dos conteciosos eleitorais, sobretudo, tomando como análise as eleições para as assembleias provinciais, legislativas e presidenciais de 2009.
O juiz chegou mesmo a dizer que “a legislação eleitoral continua a observar muitos problemas que acabam afectando os outros processos dentro do processo eleitoral”. Fora este ponto, Ngwenya demonstrou que os escalões de apuramento dos resultados eleitorais são muitos e outros desnecessários.
Com base no actual procedimento, o primeiro apuramento é feito a nível da mesa de voto, depois distrital, provincial e depois é que se sobe para o geral. No entanto, a analista política Iraê Lundin concluiu, nas suas pesquisas, que dos acórdãos produzidos pelo Conselho Constitucional não constam dados do apuramento distrital o que, à priori, faz concluir ser uma etapa desnecessária.

Abstenções

Quando se fala de eleições em Moçambique, a primeira coisa que salta à vista é a abstenção. Os números são cada vez mais crescentes, colocando em causa a legitimidade dos dirigentes eleitos.
A este respeito, o director-geral do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral, Felisberto Naife, revelou que foi encomendado um estudo que vai pesquisar, de forma aprofundada, o problema e trazer soluções para se estancar o mal. A fonte acrescentou que o mesmo está na fase final e será publicado em breve.
Recorde-se que após o processo eleitoral dos últimos dois anos, a Comissão de observação Eleitoral da União Europeia publicou um relatório onde detalhava as irregularidades verificadas nos dois escrutínios decorrentes do problema da legislação eleitoral, e pressionou para que a AR agendasse a sua revisão de modo a evitar os mesmos problemas no futuro.

Fonte: O País online - 12.06.2010

Reflectindo: Gamito decidiu (deixou claro) claro num debate promovido por uma organização da sociedade civil, o Observatório Eleitoral ?? Isso é revelação de uma decisão já feita pela sua bancada ou é a opinião pessoal? Como é que Gamito deixa claro sobre uma matéria não ainda debatida em nenhum fórum, incluindo na Assembleia da República? Como é que ele começa com transmissão de decisões (suas e de um grupo) e não com a recolha da opinião pública?

Vamos registando estes aspectos.

sexta-feira, junho 11, 2010

FRELIMO «não se sente afectada» pelas acusações contra Momade Bachir Suleman

A FRELIMO, partido no poder em Moçambique desde a independência, “não se sente afectada” pelas acusações de que um dos seus membros, Momade Bachir Suleman, é um “barão da droga”, disse hoje Alfredo Gamito, deputado e quadro sénior do partido.
Momade Bachir Suleman, empresário conhecido pelas suas doações milionárias à FRELIMO, integra uma lista de 700 pessoas consideradas pelos EUA barões da droga, divulgada na semana passada e entregue por Barack Obama a vários organismos estaduais norte-americanos.
“A FRELIMO não tem nada que se sentir afectada por isso. O partido tem milhões de membros e acontece muitas coisas com cada um deles”, enfatizou Alfredo Gamito, em declarações a jornalistas em Maputo.
Segundo Alfredo Gamito, “é necessário que os EUA apresentem provas concretas das acusações extremamente graves que fazem contra Momade Bachir”.
A liderança da FRELIMO tem-se mantido em silêncio relativamente às alegações do Estado norte-americano contra Momade Bachir Suleman, sendo apenas conhecidas as promessas de alguns membros do Governo e da Procuradoria Geral da República de que as imputações ao empresário serão averiguadas.
Desde que foram divulgadas no site da internet da Casa Branca, as acusações contra o empresário tem sido destaque em todos os órgãos de comunicação social moçambicanos e internacionais, devido ao peso financeiro de Momade Bachir Suleman, considerado um dos homens mais ricos de Moçambique.

Fonte: Notícias Lusófonas - 10.06.2010

Departamento do Tesouro promete trabalhar com as autoridades moçambicanas

Para o esclarecimento do “Caso MBS”

- os americanos negam que, nalgum momento, tenha sido retirado nome de um traficante na lista de nível 1, onde consta actualmente Momad Bachir e mais 4 outros supostos traficantes mundiais - ao que parece, o governo moçambicano continua a fazer jogo de cintura em relação ao caso, o que sugere, para alguma opinião pública, a existência de guerra de opinião em relação ao posicionamento a tomar.

'Milho contaminado ajuda a propagar o HIV em África'

Um novo estudo sugeriu uma ligação potencial entre milho contaminado e o alastramento do HIV na África sub-Sahariana.
Pesquisadores nos EUA descobriram que quando o consumo de farinha de milho aumentou na região, aumentou também a taxa de transmissão do HIV.
Segundo eles, a fumonisina - um fungo que afecta o milho e que é causado por pestes - pode tornar as pessoas mais vulneráveis à infecção por HIV.
O estudo, publicado pelo Jornal Norte-Americano de Nutrição Clínica, parece ser o primeiro a fazer essa conexão.
Os pesquisadores dizem que a melhoria da qualidade do milho poderá evitar anualmente até um milhão de casos de HIV na África sub-Sahariana - o que representa uma redução de mais de 50%.
A fumonisina é uma toxina que foi ligada, em alguns estudos, ao aumento da taxa de cancro do esófago, o tubo que liga a garganta ao estômago.

Fonte: BBC - 10.06.2010

quinta-feira, junho 10, 2010

Tesouro Americano desafia MBS a defender-se na Justiça Americana

O Departamento de Tesouro Norte-Americano, através do seu Director do Escritório para o Controlo dos Fundos Estrangeiros (OFAC), Adam J. Szubin, não apresentou as provas por que clama parte da opinião pública nacional, que justifiquem a Designação Especial do empresário moçambicano Momade Bachir Suleiman (MBS) como Barão da Droga. Em vídeo-conferência de imprensa, esta semana, entre Washington DC e Maputo, Adam Szubin desafiou o Sr. MBS a defender-se na Justiça Americana, para que então apresentem as provas contra si.
Szubin deixou no ar um aviso que o processo apenas começou. Uma semana após Momade Bachir Suleiman convocar a imprensa para declarar a sua inocência face a medida da Administração Obama de o classificar como “Barão da Droga” internacional, o Departamento de Tesouro Norte-Americano deu o troco…pela mesma moeda.

Reflectindo sobre caso MBS e o narcotráfico

Por Domingos Alexandre Simbine

O arrolamento do patrão do Grupo MBS na lista dos barões do narcotráfico pelo governo norte-americano pode levar-nos a uma série de reflexões. Numa primeira fase, podemos considerar que o aparecimento deste compatriota naquela lista vem a confirmar as alegações ou interpretações diversas em relação à sua riqueza abrupta, as suas ligações com o tráfico de droga e influência política.
Mas, na minha forma de ver, isto resulta do facto de que não parece haver transparência no processo de enriquecimento em Moçambique. Por exemplo, é fácil encontrar informação sobre como Henry Ford, Toyoda, Honda, Bill Gates, entre outras personalidades do mundo dos negócios conseguiram sair do nada e tornaram-se ricos. Essa informação pode ser encontrada nos diferentes livros de economia, gestão, marketing, na Internet, em biografias e autobiografias, etc. Mas, os poucos homens bem sucedidos no mundo dos negócios que temos em Moçambique, vivem em seus mundos fechados, pouco ou nada sabemos sobre como é que conseguiram vencer na vida e se tornarem ricos – dando aso a uma série de especulações, por vezes acertadas, por vezes não, através dum sistema de comunicação expontânea.

Escrevendo as suas histórias de luta pelo sucesso, o País iria ganhar de várias formas, nomeadamente, no campo económico-pedagógico – mostrar aos outros cidadãos como as pessoas podem definir o seu próprio destino; decidir sobre o seu sucesso, com base no esforço próprio, objectividade e determinação; no campo espiritual – mostrar que para se ser rico não é preciso ter sorte, ir a um curandeiro ou dizimar membros da família – é só uma questão de pensar e agir como rico; no campo do direito, mostrar que é possível ser-se rico sem recorrer a práticas de corrupção e tráfico de influências, pagando/cumprindo com as suas obrigações para com o Estado; no campo político – demonstrar que não precisamos de recorrer ao lambebotismo político-partidário para vencermos.
Deixem-me abrir um parênteses para dizer que a tarefa de escrever as histórias dos nossos homens de sucesso no mundo dos negócios não é pura responsabilidade deles mesmos, mas também dos nossos escritores, cineastas, realizadores – já basta de miopia no seio da nossa literatura e cinema – com os autores a produzirem o que acham bonito e bom para eles, vendendo as suas obras basicamente dentro da sua classe e a queixarem-se de que o Estado não olha por eles – é preciso produzir para informar e formar os nossos cidadãos. Também gostaria que histórias de sucesso no mundo dos negócios aparecessem nos livros escolares, nos mídia, em documentários, filmes, etc., para inspirar as novas gerações – já basta de exemplos dos Fords, Hondas, Toyodas, Phillips, Bill Gates e companhia. Quero exemplos de meus compatriotas para que eu perceba que não só é possível enriquecer na América, Ásia e Europa, mas também no meu país e em África no geral.
Associado a isto está o preconceito, que os moçambicanos têm do dinheiro e da riqueza – associar a riqueza e o dinheiro à superstição, ao tráfico de droga e de órgãos humanos, à corrupção, ao crime, ao mal, etc. Aliás, isto não vem por acaso, em Moçambique são muito poucas as pessoas que conseguem ficar ricas honestamente, porque como deve ser do domínio público, o nosso país é um dos lugares mais difíceis de fazer negócio no mundo. O nosso sistema de licenciamento de actividades económicas, a banca, a nossa legislação fiscal e outros instrumentos de regulação parecem, quanto a mim, estarem mais próximos de dificultar a um cidadão comum de exercer a uma actividade económica/comercial do que facilitar.
Voltando ao assunto em questão, “Mohamed Bachir Suleman arrolado pelo Estado norte-americano como um dos barões do narcotráfico” – pessoalmente gostaria de saber se o MBS publica normalmente as suas contas em jornais ou no Boletim da República? Se o MBS estaria em condições de demonstrar o cumprimento normal das suas obrigações fiscais e alfandegárias? Ou seja, quanto paga de imposto e quanto é que devia pagar comparado com as outras empresas da mesma dimensão? Também gostaria de saber se o MBS estaria em condições de publicar a lista dos seus accionistas? Etc. Talvez isto venha a ajudar a esclarecer ou demonstrar a inocência ou não do nosso compatriota. Vir à imprensa declarar-se inocente é a coisa mais fácil de fazer para lavar a imagem. Mas não basta autodeclarar-se inocente, é preciso provar com factos.
Até aqui não vi nenhum pronunciamento do Procurador Geral da República sobre a matéria, seria bom que em nome do Estado Moçambicano esta entidade se pronunciasse e informasse que passos estão ou serão dados para esclarecer (o mal entendido) e limpar a imagem de Moçambique. Quero que o mundo saiba que em Moçambique é possível enriquecer honestamente. Quero que o mundo saiba que em Moçambique existem instituições sérias e comprometidas com a justiça e que não pactuam com o crime seja qual for o grau de influência económica, social ou política dos seus praticantes. É uma questão de soberania nacional – ou seja, trata-se da imagem do cidadão moçambicano Mohamed Bachir Suleman, mas também do bom nome de Moçambique.

Mais não disse, nem sequer quis dizer!

Fonte: Jornal Notícias - 08.06.2010

Drugs - U.S. Treasury Defends Action Against Bachir

By Paul Fauvet

Mozambican businessman Mohamed Bachir Sulemane, named last week by US President Barack Obama as a drug baron, "imports heroin from south-east Asia and cocaine and marijuana from Latin America", accused Adam Szubin, director of the US Office of Foreign Assets Control (OFAC), speaking at a video conference between Maputo and Washington on Wednesday.
Szubin said that Bachir moves the drugs through Mozambique and on to final destinations elsewhere, such as South Africa and European markets.
OFAC is the agency in the US Treasury Department that implements sanctions against individuals and companies whom the President has named as involved in drugs trafficking, terrorism, and nuclear proliferation
Szubin described Bachir's alleged narcotics operations as large scale, but could not put an exact figure on them. He stressed that it is not small fry who are named by the US President as "narcotics kingpins", adding "he is viewed by us as a very significant trafficker".
Several journalists demanded that Szubin make public the evidence that OFAC had gathered against Bachir, but he declined to do so, pointing out that OFAC had not initiated any judicial proceedings against Bachir.
The naming of "kingpins", he said, is an administrative act intended to protect the US financial system against the proceeds of narco-trafficking. "The objective is to disrupt the financial operations of narcotics cartels, making it harder for them to achieve their goals, and to protect our financial system from dirty financial flows", Szubin declared.
He said that evidence against drug barons is gathered from a variety of US agencies (primarily in law enforcement and intelligence", and for anyone to be named as a "Tier One narcotic kingpin" requires "a high level of security about the evidence".
"This is not a criminal process", said Szubin, "in that documents do not go before a court, we are not prosecuting Bachir, and we are not trying to put him in jail. We just have evidence that he is a trafficker and we want him out of our financial system".
Bachir claims he has no bank accounts in the US, and no financial transactions with any US companies. Szubin would not comment on these claims, but he stressed that OFAC investigations into Bachir's affairs would continue.
Bachir's three known companies had been named and are under OFAC sanctions, meaning that no US citizens or institutions may have any dealings with them. But drug barons in the past have changed the names of their companies, or "set up new front companies, new shell companies". Bachir might do the same, said Szubin, "and we shall take further action as appropriate".
A spate of pro-Bachir propaganda articles and editorials in the Mozambican press have used the fact that names are regularly depleted from OPAC's kingpin list in order to claim that the American agency is incompetent, and names the wrong people. But Szubin replied that names are deleted when the individuals concerned give undertakings to sever all their links with narco-trafficking.
None of the deletions were because OFAC had made a mistake in its initial investigation, he said. "Typically, an individual approaches us, and says 'you designated me, I want to get off the list, and I will have nothing more to do with drugs. I will cut all my ties with trafficking, if you take me off the list'"
In such cases OFAC makes a judgment as to the credibility of the repentant trafficker. Often those requesting that their names be deleted are people with minor roles in cartels, or family members sitting on the boards of companies implicated in trafficking. OFAC, Szubin said, regarded the removals "as a success - we have turned these individuals away from trafficking".
But "Tier One Kingpins", he added, never apply for delisting, because they have spent years or decades in trafficking "and have no intention of changing".
However, if Bachir, or anyone else designated as a "Tier One Kingpin", were to request delisting, "we will look at it, we will always entertain such requests, but we would ask some very hard questions".
Szubin denied that there was any lack of due process, since any person on the list can appeal to the US courts. "These actions can be rescinded by a court", he said. "Should Bachir wish to challenge our actions, he may do so in a US court. Then a judge would look at the evidence we have".
Asked if Bachir could visit the US, Szubin said that depended on whether he was granted a visa "and the State Department would look very critically at such an application". If he does set foot on US soil, Bachir would not be in immediate danger of arrest, since no indictment has been issued against him.
As for Bachir's relations with non-American bodies, such as Mozambican banks, "it is our hope that banks and other organisations will take a very close look at his activities", Szubin said.
The US official declined to answer questions on whether anybody in the Mozambican government or the ruling Frelimo Party had facilitated Bachir's activities, and said he could not comment on information gathered during the investigation.
OFAC was "interested and willing" to have continuing discussions with the Mozambican authorities on issues of narcotics trafficking, he added.

Source: allafrica - 2010.06.10

“Estado moçambicano é uma abstracção”

O departamento do Tesouro dos EUA não apresentou nenhuma prova, quer dizer, “acreditem em nós, porque não mentimos”. quanto a mim, esta foi uma montanha que pariu o rato. Este processo não é sério e não respeita a declaração dos direitos humanos, que também os EUA assinaram. Vieram apenas dizer para nós acreditarmos. Eu prefiro acreditar em Deus.

A imagem do país não está em causa. os próprios Estados Unidos da América têm centenas de traficantes de droga, não pode ser um traficante a pôr em causa um Estado. O Estado moçambicano é uma abstracção, os dirigentes que deviam encarregar-se de investigar o assunto devem estar envolvidos. A procuradoria-geral da república terá muitas dificuldades de investigar, porque o assunto envolve muita gente. Acho que os EUA deviam apresentar todas as provas, só assim é que estariam a ajudar o povo moçambicano a libertar-se de narcotraficantes. Suponho que os Estados Unidos podem estar a levantar o caso para atacar o partido Frelimo.

Fonte: O País online - 10.06.2010.

Reflectindo: de certa maneira vejo leio contradicões na opinião do jornalista Augusto Carvalho.
1) Augusto Carvalho mete o Estado Mocambicano em assunto de Bachir. Em nenhum texto já li que o DT dos EUA consideravam o nosso Estado de narcotraficante. E porquê tal insinuacão e no pior fazer comparacões com os EUA?
2) Augusto Carvalho diz que os dirigentes que deviam investigar incluindo a procuradoria-geral da república, estão envolvidos. Se bem que ele acredita no envolvimento de dirigentes (nossos), porquê o assunto não é sério? E acha Augusto Carvalho que precisamos de cidadãos ou autoridades/dirigentes de outros países para descobrir e investigar  os nossos envolvidos em crimes?
3) Ele diz que os EUA deviam apresentar todas as provas: a) numa video-conferências aos jornalistas mocambicanos? Para que efeito? Combate ao tráfico de drogas? b) na verdade precisamos que alguém nos controle para combatermos o actua dentro das nossas fronteiras? As provas devem vir doutro lado? c) não acha que se não fosse o envolvimento dos nossos dirigentes de que mesmo acreditam, nós mocambicanos podiamos apresentar contra-provas de envolvimento de Bachir no tráfico de drogas?
4) Augusto Carvalho diz que os EUA podem estar a levantar um caso para atacar a Frelimo. Esta é uma afirmacão interessante, mas Carvalho não dá provas do que diz tal como ele exige dos outros. Porquê os EUA atacaria a Frelimo a partir de Mohamed Bachir Suleman? Fala como homem Augusto Carvalho!

Acusações do Estado americano ao grupo MBS

A montanha pariu rato…

Maputo) O chefe do gabinete de controle de bens estrangeiros do Departamento do Tesouro norteamericano, Adam Szubin, não apresentou provas das acusações de narcotráfico imputadas ao empresário Mohomed Bachir Sulemane.
Numa videoconferência bastante concorrida pela imprensa nacional e estrangeira, mesmo perante a insistência dos jornalistas, em nenhum momento aquele alto funcionário do Estado norteamericano apresentou evidências concretas, tendo se limitado a referir que não é competência do Departamento do Tesouro apresentar provas nem evidências para aplicar sanções a “barões da droga estrangeiros” a fim de proteger o seu sistema financeiro.
Insistiu que as sanções aplicadas contra o empresário moçambicano decorrem de procedimentos administrativos e civis e não de um procedimento criminal, afirmando que o procedimento criminal, entretanto nunca instaurado contra Bachir, é da competência do Departamento de Justiça, se assim o entender.
“Não estamos a falar de um processo criminal, mas sim de um processo administrativo. O nível de prova não é levar a um processo judicial, mas informar aos bancos”, referiu.
Adam Szubin disse que não houve um procedimento jurídico na instauração do processo, mas, apesar de questionado pelos jornalistas, não explicou as razões de se aplicarem sanções a um indivíduo sem que tenha havido um procedimento jurídico.
Nas suas palavras, o governo norteamericano acredita na justeza dos seus procedimentos, tendo acrescentado que o nome de Bachir pode ser retirado da lista, desde que este accione mecanismos adequados e que prove a sua inocência. (R.Senda e A. Nenane)

Fonte: MediaFAX - 10.06.2010

“Bachir importa drogas para Moçambique e exporta-as para o continente europeu”

- acusou ontem, directamente, o director do OFAC no Departamento de Tesouro americano, Adam J. Szubin, em vídeo-conferência com jornalistas em Moçambique. E deixou claro que as provas da acusação não são para a Imprensa. O director do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros, do Departamento do Tesouro dos EUA, recomendou que autoridades, bancos e empresas de transporte não percam de vista as actividades de Bachir Todas as transacções financeiras de Bachir e das suas empresas, que estão incluídas na lista dos narcotraficantes, não deverão passar pelo sistema financeiro norte-americano, pois, caso passem, “serão confiscadas e congeladas”, garantiu Adam J. Szubin.

Maputo (Canalmoz) – A vídeo-conferência de imprensa concedida aos jornalistas moçambicanos, pelo director do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros, do Departamento do Tesouro dos EUA, Adam J. Szubin, não serviu para apresentar elementos que comprovem as acusações sobre o envolvimento do empresário moçambicano no mundo da droga e da lavagem de dinheiro. Foi apenas para explicar os procedimentos seguidos pelos Estados Unidos da América para declarar Momade Bachir Sulemane como um “barão da droga” e um “lavador de dinheiro”.
O facto de não terem reveladas evidências ou provas concludentes irritou alguns jornalistas presentes na conferência, que esperavam ver ou ouvir provas sobre o narcotráfico de que está acusado o presidente do grupo MBS.
Ainda que a intervenção de Adam Szubin não tenha sido do agrado de muitos jornalistas, que exigiam as provas da acusação que pesa contra Bachir, a intervenção do alto funcionário do Departamento de Tesouro americano serviu para trazer mais alguns elementos que agora atingem directamente instituições do Estado moçambicano, e colocam sob aviso bancos e empresas de transporte.
Adam Szubin disse que Bachir importa drogas da Ásia para Moçambique, e de Moçambique exporta-as para o continente europeu. Falou especificamente da Índia.
Szubin referiu que as investigações que levaram à decisão que os EUA tomaram sobre Bachir, é sustentada por constatações baseadas em informações de vários outros governos.
Questionado se nestas operações de comércio internacional de droga o empresário moçambicano conta com alguma facilitação ou mesmo colaboração das autoridades nacionais, entidades bancárias ou outras em Moçambique, Adam Szubin disse que não vai dar mais elementos sobre estas questões que envolvem o Governo e a banca, mas recomendou que as instituições do Estado, banca e transportadores tomem muita atenção às acções de Bachir e suas empresas.
Aliás, muitas foram as questões que o director do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA contornou, precisamente as que envolvem entidades de direito, sejam elas públicas ou privadas.
Adam Szubin recusou-se a dizer explicitamente que em Moçambique há pessoal das alfândegas que eventualmente é conivente com Bachir, assim como se o partido Frelimo, que tem recebido doações deste empresário, está a ser financiado pelo dinheiro do tráfico de droga. Estas questões foram levantadas pelos jornalistas, na tentativa de ouvir da boca de Adam Szubin qualquer prova do envolvimento de Bachir no tráfico ou de conivência do Governo com as suas acções.
Adam Szubin foi prudente e não deixou escapar dados que pudessem comprometer os interesses norte-americanos nas suas relações diplomáticas com Moçambique, mas ao mesmo tempo não deixou de responder às mais de 30 questões que lhe foram colocadas, embora na maioria das vezes abrisse a boca só para dizer “I can´t comment about it” (“Não posso comentar sobre isso”).
Neste cenário, alguns jornalistas ficaram irritados e retiraram-se de uma das duas salas onde decorria a videoconferência. Outros ficaram a murmurar, exigindo “evidências” de que Bachir é de facto traficante de droga.
Só na sala principal, onde se encontravam representados os principais órgãos de Imprensa do país, os jornalistas puderam colocar questões a Adam Szubin.
A vídeo-conferência de imprensa durou sensivelmente uma hora.

Instituições moçambicanas devem investigar

Adam Szubin aconselhou aos bancos, agências de viagem e de transportes e autoridades governamentais que investiguem o cidadão moçambicano Momade Bachir Sulemane, e frisou: “esta tarefa não cabe aos EUA”.
O director do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA deixou bem claro que o objectivo dos Estados Unidos da América ao declarar Bachir “barão da droga” visa apenas evitar que os cidadãos norte-americanos tenham relações com o alegado “narcotraficante”, para não permitir que Bachir use o sistema financeiro norte-americano.

Todas as transacções de Bachir passarão a ser confiscadas

A este respeito, Adam Szubin disse que todas as transacções financeiras de Bachir e das suas empresas, que estão incluídas na lista dos narcotraficantes, não deverão passar pelo sistema financeiro norte-americano, pois, caso passem, “serão confiscadas e congeladas”.

Retirada da lista só se deixar de praticar o tráfico

Questionado sobre a possibilidade de o nome de Bachir vir a ser suprimido da lista dos “barões da droga”, Adam Szubin respondeu que “embora essa possibilidade seja quase nula”, isso poderá suceder se “Bachir deixar de praticar o tráfico de drogas e provar aos EUA que o fez”.
Adam Szubin recordou que aos narcotraficantes integrados na Lista 1 – é o caso de Bachir – raramente lhes é retirada a designação de “barões da droga”, pois estes movimentam grandes quantidades de droga e dificilmente deixam de praticar o tráfico.
Sobre se Bachir tem ou não bens nos EUA, Adam Szubin optou por não comentar.

Contra Bachir não há nos EUA nenhum processo judicial

Szubin também deixou claro que contra Bachir não corre nenhum processo judicial, neste momento: “Trata-se apenas de sanções de índole administrativa que lhe foram aplicadas”.

(Fernando Veloso e Borges Nhamirre)

Fonte: CanalMoz - 10.06.2010

Os cinco passaportes de Bachir são todos moçambicanos, segundo os americanos

No site do Departamento de Tesouro americano constam os vários nomes que o empresário moçambicano usa. As empresas moçambicanas do patrão do MBS ou afins também estão na lista, bem como os seus números de NUIT.

Maputo (Canalmoz) - No site do “Office of Foreign Assets Control” (Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA), está noticiado que vários indivíduos foram acrescentados à lista americana de narcotraficantes envolvidos ainda em lavagem de dinheiro (OFACs SDN), entre os quais consta o moçambicano do Grupo MBS, Mahomed Bachir. E consta que Bachir tem vários passaportes, todos eles moçambicanos, com nomes parecidos e números diferentes. As suas empresas ou de pessoas da sua família, portanto com ele relacionadas, também estão registadas pelo Departamento de Tesouro americano como pessoas não gratas porque alegadamente envolvidas no mundo da droga e da lavagem de dinheiro.
Os cinco cidadãos recentemente acrescentados às listas de narcotraficantes, na óptica americana, são de várias nacionalidades, como se sabe. São, respectivamente:
ALIZAI, Haji Agha Jan (a.k.a.) também conhecido por ALIZAI, Agha Jan, Musa Qala, de Helmand, Afghanistan; Dand Chowk, Kandahar City, Afghanistan; Nascido a 15 Outubro de 1963; alternativamente a 14 de Fevereiro de 1973; ainda alternativamente nascido cerca 1957; natural de Khandahar, Afghanistão; e alternativamente natural de Helmand, Afghanistão; de nacionalidadeAfghã. (individual) [SDNTK].
BANDO, Haji; nascido em1971; no Afghanistão; é cidadão Afghão e tem nacionalidade Afghã (individual) [SDNTK].
CONTE, Ousmane, que também usa o nome de CONTE, Ousman; nascido a 9 Setembro de 1963; cidadão da Guinea-Conacry; usa o passaporte diplomático Passport 00085498 (Guinea) (individual) [SDNTK].

O moçambicano Bachir

SULEMAN, Mohamed Bachir , segundo os americanos também usa outros nomes: SULEIMAN, Momad Bachir; SULEMAN, Momade Bachir; SULEMANE, Mohamed Bachir. E está relacionado com o GRUPO MBS - KAYUM CENTRE, Maputo, Mozambique; c/o GRUPO MBS LIMITADA, Maputo, Mozambique; c/o MAPUTO SHOPPING CENTRE, Maputo, Mozambique; nascido a 28 Abril de 1958; em Nampula, Mozambique. Usa vários passaportes: Passport AC036215 (Mozambique); Passport AB030890 (Mozambique); Passport AA109572 (Mozambique); Passport AA261051 (Mozambique); Passport AA291051 (Mozambique).

Outros

VILLARREAL BARRAGAN, Sergio Enrique, usa alternativamente outros nomes: VILLAREAL BARRAGAN, Sergio; VILLARREAL BARRAGAN, Sergio, Mazatlan, Sinaloa, Mexico; Torreon, Coahuila, Mexico; Cuernavaca, Morelos, Mexico; nascido a 21 Setembro de 1969; em Torreon, Coahuila, Mexico; cidadão Mexicano; com nationalidade Mexicana; C.U.R.P. VIBS690921HCLLRR01 (Mexico) (individual) [SDNTK].

Não é só Bachir que consta da lista

Para além de Mahomed Bachir Sulemane constam das listas do OFACs SDN o próprio GRUPO MBS - KAYUM CENTRE, Avenida Karl Marx 1464/82, Maputo, Moçambique; P.O. Box 2274, Maputo, Moçambique; com Número Único de Identificação Tributária (NUIT) 300000436 (Moçambique) [SDNTK].
E ainda GRUPO MBS LIMITADA (também identificado como GRUPO MBS LDA, Avenida Vlademir Lenin 2836, Maputo, Moçambique; Avenida Karl Marx 1464/82, Maputo, Moçambique; P.O. Box 2274, Maputo, Moçambique; Avenida 24 de Julho, Maputo, Moçambique; Benfica, Maputo, Moçambique; Número Único de Identificação Tributária (NUIT) 300000436 (Moçambique) [SDNTK].
E também MAPUTO SHOPPING CENTRE, Rua Marques de Pombal 85, Maputo, Mozambique [SDNTK].
De referir que existem duas listas nos EUA. A Lista 1 e a Lista 2. Da lista 1 não há memória, segundo fontes da embaixada americana em Maputo, que alguém que para ela entrou de lá tenha sido retirado. Da Lista 2 já têm saído várias pessoas singulares e colectivas, por se terem retratado ou por voluntariamente terem dado sinais claros de terem abandonado o mundo do negócio da droga e da lavagem de dinheiro.

(Fernando Veloso)

Fonte: CanalMoz - 2010-06-10

quarta-feira, junho 09, 2010

Empresário acusado pelos EUA de narcotráfico reitera inocência e chora na TV

O empresário moçambicano Momade Bachir Sulemane chorou hoje diante das câmaras da televisão pública, garantindo que “nunca vão existir provas” que o indiciem de ser “barão de drogas” e considerando que os EUA querem destruí-lo (ver Manchete).
“Eles condenaram-me mundialmente, destruíram-me. Provas nunca vão existir, porque é um negócio que nunca fiz. Nunca me envolvi neste tipo de negócio” – o da venda de drogas -, disse Momade Bachir Sulemane à Televisão de Moçambique, momentos após uma conferência de imprensa do Departamento do Tesouro norte-americano.
O director do Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros do Departamento do Tesouro norte-americano (OFAC), Adam Szubin, garantiu hoje ter “evidências suficientes” do envolvimento do empresário moçambicano no narcotráfico, escusando-se, contudo, a apresentá-las publicamente.
Falando à imprensa, a partir de Washington, em videoconferência “relativa à aplicação de sanções a entidades da propriedade do barão da droga, Momade Bachir Sulemane”, o responsável disse que o empresário moçambicano “já foi mencionado por muitas pessoas de vários países” como narcotraficante.
A seguir, a televisão pública moçambicana mostrou, no telejornal, o empresário e a sua família a chorarem.
“Queriam destruir-me, mas sempre pensei em Deus. Eu sempre disse à minha família que a verdade virá ao de cima. Queriam tirar o meu filho da Escola Americana”, disse o presidente do Grupo MBS, proprietário do Maputo Shopping Centre, o maior hipermercado do país, avaliado em 34 milhões de dólares.
“Os lojistas que estão no Shopping já estavam a informar que queriam abandonar e fechar os seus estabelecimentos, inclusive os bancos estavam a dizer-me para retirar o dinheiro”, afirmou.
“Era-me mais fácil desaparecermos de uma vez, ou desabar a minha casa, porque estava a sentir a minha família, os meus filhos morrerem minuto a minuto”, lamentou Sulemane.
“Aquilo que eu passei numa semana não desejo ao meu maior inimigo”, referiu.
O responsável pelo Gabinete de Controlo de Bens Estrangeiros do Departamento do Tesouro norte-americano disse, contudo, que o empresário usa o território moçambicano como “corredor” de drogas, que “chegam à Ásia, Índia e vão para a Europa”.
Momade Bachir Sulemane “importa heroína do Sudoeste asiático, cocaína e marijuana da América Latina”, mas a finalidade dos seus produtos são “os mercados de África Austral e da Europa”, explicou Adam Szubin.
As sanções apresentadas pelas autoridades norte-americanas contra o empresário são, no entanto, de âmbito “processual civil e não criminal”, porque o órgão não tem competências para processar criminalmente cidadãos indiciados de tráfico de drogas.
“O nível de provas é bastante extensivo para que ele conste da lista” assinada por Barack Obama, mas caso o empresário queira pode recorrer da acusação, assegurou Adam Szubin.

Fonte: NOTÍCIAS LUSÓFONAS – 09.06.2010