sexta-feira, novembro 26, 2010

Perguntas ao Governo terminam com agressões verbais

Terminou, ontem, com troca de palavras duras, a sessão de perguntas e respostas entre os deputados da Assembleia da República e o Governo, que decorreu quarta e quinta-feiras. Depois de uma sessão calma e tranquila na quarta-feira, esta quinta-feira, a Renamo foi estrondosa. Quase a encerrar, Armindo Milaco chegou a convidar o governo de Guebuza a demitir-se, acusando-o de incapacidade de resolver os problemas do povo.
“Senhor primeiro-ministro, não é bom sair por bem e passarem a gerir o que roubaram, durante esses anos todos, e continuar a vida normalmente, do que esperar que a ira do povo suba e vos tire à força e confisque tudo o que vocês roubaram?”, questionou Milaco.

Na óptica da Renamo, uma das razões dessa proposta de auto-demissão, é o facto de a cobrança das taxas para o pagamento de guardas, contínuos, exames ser ilícito e ilegal. Mais, segundo a Renamo, as inspecções não fazem sentido e, por isso, questiona: “por que o Governo permite a entrada no país de carros de segunda, terceira, quarta e quinta mão? E, depois, decreta inspecções de viaturas?” A Renamo entende que ainda que se realizem inspecções, se as vias de acesso continuarem degradadas, os acidentes vão continuar. É que, para a “perdiz”, as estradas degredadas é que causam problemas mecânicos nas viaturas e, por conseguinte, os acidentes.

Para a Renamo, o comércio está também a falhar: as trocas comerciais com a China são exemplo claro. Milaco disse que os bens chineses não têm qualidade. “Compras sapato chinês às 08h30 e, até às 13h00, já está estragado. Compra telemóvel chinês hoje e, até amanhã às 09h00, não funciona. Que acordos de cooperação estás a fazer?” Estes são alguns argumentos que a Renamo apresenta para sustentar a sua proposta de auto-demissão por parte do Governo pois, no entender da “perdiz”, as políticas do Executivo estão a falhar.

Fonte: O País online - 25.11.2010

Reflectindo: não penso que sejam os bens chineses que não têm qualidade, mas os bens que vêm a Moçambique.

14 comentários:

V. Dias disse...

Eu próprio, neste espaço, pedi a demissão do Governo. Já é tempo de se irem embora. Basta de corruptos, ladrões. Chega.

Zicomo

Anónimo disse...

Em africa o poder toma-se. EStes que estao no governo nao passam de coitados tambem que sem os lugares la nao tem onde cair mortos, por isso tem o que tem a custa de accoes nao muito claras. Nao tem consciencia, por isso nunca vao demitir-se. Demite-se quem tem vergonha na cara. estes nao tem...

Abdul Karim disse...

A vergonha pressupoe existencia ou aceitacao de valores, "nos" estamos numa crise de valores,

Quando falamos da"remoralizacao" da sociedade, e principalmente de qualidade de educacao, e o ensino na base de valores morais, 'e sabermos diferenciar entre certo e errado tambem,

Quando temos ou aceitamos valores, e fazemos errado, e somos expostos ao nosso proprio erro, entao naturalmente se "desencadeia" internamente um sentimento que muitas vezes 'e defenido como vergonha, e em funcao dessa vergonha, tambem muitas vezes, tomamos atitudes correctivas,

Ja quando nao temos valores e somos expostos ao erro, o tal sentimento que devia "desencadear-se" internamente e naturalmente, nao se "desencadeia",

A nao exstencia de vergonha, 'e problema de nao existencia e aceitacao de valores, nada mais. tanto mais que o caracter tambem pressupoe valores,

Pena que no "nosso caso" a inexistencia de valores, comeca a trazer serios problemas em toda a "nossa sociedade".

Esta uma sexta feira "moralizante".

Jone Ndapasse disse...

Pessoalmente achei o discurso da Renamo no último dia do debate com o governo de Moçambique democraticamente eleito fora das regras éticas na politica. Não se pode convocar uma rebelião na casa do Povo.A convocação por si só é violação da constituição e contra o juramento feito na tomada do posse dos deputados. Espero que a justiça tome uma atitude, pelo menos convocar o visado para esclarecer o alcance da intervenção

A politica não pode ser personalizada.
Ela deve gerar em volta de um projecto real e viavel.

Reflectindo disse...

Viriato

Recordo-me disso, mais será que há quem acredita que o actual governo mocambicano se demita vountariamente? E a que se deve tudo isto? Será que auto-responsabilidade mesmo nos países desenvolvidos, é VOLUNTÁRIA?

Espero mais debate neste sentido!

Reflectindo disse...

Karim,

Boa sugestão essa de remolizacão, mas quantos estão dispostos?

A mim parece que o problema reside na maneira como definimos a moral.

Reflectindo disse...

Caro Jone Ndapasso

Já que penso ao contrário do que pensas, alegra a oportunidade. Porém, comeco por te pergunta sobre ONDE governos democraticamente eleitos caiem??? Não tem sido na Assembleia ou no Parlamento?

2- Penso que podemos ou não concordar com o Milaco, mas que felizmente agiu e age estratégicamente

Abdul Karim disse...

Refletindo,

Viste bem, o problema esta em como defenimos a moral, isso quando a defenimos,

Em relacao a "remoralizacao", nao sei mesmo quantos estariam dispostos, mas essa questao deve vir de topo, nao podes e nem consegues remoralizar um pais, sem "carta branca" do governo,

Mas sao sugestoes, de solucoes dos probemas que temos hoje, mas se perguntares se eu acredito que 'e possivel chegarmos a um concenso e arrancar-se com a implementacao, NAO ACREDITO,

E nao acredito porque o nosso governo, nao considera as ideias, quando as considera, entao ficam com as ideais e implementam muito mal, e sem cartao de socio do partido, voce nao tem nem como querer ajudar,

Eu fiz isso a minha vida toda, e so fui prejudicado por este governo, mas continuo a gerar ideias e continuo assistir eles a implementarem mal, mas esse 'e o meu trabalho e 'e meu dever, ate quando eu achar que 'e, um dia vai acabar tambem, porque ajudar ao meu Povo nao pode implicar ser prejudicado pelo meu governo eternamente,

Reflectindo disse...

Karim,

É do conhecimento que o governo da Frelimo com partidarismo corre pegando ideias dos outros e implementa-nas MUITO MAL. Sabe-se que as transformações que começaram operar nos meados de 1980 eram dentro dessa estratégia - implementar as exigências da Renamo e de outros cidadãos que se opunham ao ESTADO COMUNISTA. Veja que aqui não me refiro de partido comunista, mas Estado Comunista, diferenças que aprendi nos princípios da década 80, gracas a um amigo, um missionário italiano. Ele dizia-me que o mal não era se a Frelimo era comunista mas que obrigava a todos moçambicanos a serem comunistas. E ele dava um exemplo concreto que era dos governantes dizerem em comícios populares que Deus não existe, promoção de ateísmo próprio de estados comunistas.
Mas o governo da Frelimo ao recuar, quis implementar tudo isto sem convidar nem permitir a participação dos seus idealistas. Consequentemente, a Frelimo confundiu economia de mercado com capitalismo selvagem. Assim, para muitos frelimistas, economia de mercado significa que quem está no poder tem que roubar tudo para se ser BURGUÊS NACIONAL e ainda excluir os opositores ou por ela pressioná-los para aderirem ao partidão. Luís Cabaço escreveu na sua tese que a Frelimo está implementar o programa da Renamo. Eu concordo com essa tese, mas há que dizermos que ela implementa muito mal e usa a doutrina comunista o poder, é essencialmente comunista.

Portanto o governo da Frelimo nunca convida a quem gera ideias. Ela usa métodos coloniais e comunistas, métodos ruins de governação. Isso é do conhecimento de muitos.

Jone N disse...

Temos de compreender que o governo em Moçambique não é parlamentar. O Primeiro Ministro não é executivo.

O poder politico em moçambique reside no Chefe do Estado.

O Chefe do Milaco deveria estar no Conselho do Estado para dizer estas coisas que foram ditas pela sua bancada.

A ordem politica é uma coisa, e governo uma outra coisa. Quando a Renamo afirma publicamente que quer alterar a ordem politica ficamos assustados. Nao queremos voltar a era do Samora!

A oposição deve trabalhar para conquistar o poder, e nao entrar numa estrategia de terra queimada. Esta estrategia funciona numa situação de assalto final, e não é o caso. Hoje a Renamo não tem capacidade de mobilizar o povo para rua.

Abdul Karim disse...

Concordo com o que estas a dizer,

Eu nao tinha me apercebido disso antes, tinha me apercebido e estava a estudar a questao dos valores na sociedade,

E nao tinha me apercebido disso antes porque sempre antes acreditei na frelimo, e nunca liguei a politica mocambicana interna,

So que sinto isso na pele hoje, e lamento qe seja assim porque os resultados dessa estrategia sao visiveis,

O partido no poder esta totalmente descredibelizado, o sistema nao pode ser chamado de economia de mercado ou capitalismo ou socialismo ou whatever... o sistema caiu, mas mesmo assim, se pretende fazer ele continuar a rolar, e isso esta a ter uma repercussao internacional que em nada favorece sequer ao partido no poder, muito pelo contrario, deixa-os muito mal parados e totalmente descredibelizados ao ponto de comprometer ate os que se dizem seus parceiros internacionais,

E o triste 'e que eles continuam a teimar em manter ainda assim, ai nao sei mesmo como sera o amanha, e como disse o Nelson, as vezes da muito medo pensar no amanha.

Linette Olofsson disse...

Se a sessão não estivesse a ser transmitida em directo; não poderia acreditar o que estava a escutar do Milaco!
Não é um discurso digno de um parlamentar.

Não é destes discursos e muito menos desta qualidades de políticos que o País necessita para alcancar uma democratização real, com umdesenvolvimento político, económico e social estável de que tanto preciamos!

Milaco já é conhecido na praça por semelhantes na anterior legislatura!

Enquanto não se desmilitarizar as mentes não podemos esperar grandes mudanças nos discursos destes tipo de deputados.

É necessário mudanças de atitudes de ser e estar na Política, arrisco-me a dizer que esta árdua tarefa pertence as proximas gerações de politicos, até lá, que fazer e como fazer entender a certos eleitos que Política é ciencia e que o paralmento é um forum de debate de ideias e príncipios ideologico?

V. Dias, é uma utopia pensar-se em demissão de algum governo em Afrika!
Basta fazer-se uma análise das relações do Poder em Afrika.
O Povo bem organizado com uma liderança forte, pode fazer cair um governo.

Cá, nossa agenda domestica, a frelimização do Estado Moçambicano, a própia frelimo como partido, é uma grande pedra no sapato!
Já nem abordo a questão dos deveres morais em Moçambique; O Karim foi muito claro!

V. Dias disse...

Linette,

Respeito a sua análise mas não concordo quando diz que o deputado Melaço exagerou na sua alocução no parlamento. Enfim...

Paulo Portas em Portugal (só para citar) vezes sem conta convidou o actual primeiro-ministro José Sócrates a demitir-se do governo.

Assim acontece em toda a parte do mundo onde a democracia(este bicho de sistema que odeio dos pés à cabeça)existe como tal.

Não há outro jeito de lidar com a Frelimo que não seja esse. Aquela gente chamou de vândalo ao seu próprio povo. A Linette por acaso recorda-se disso?

Eu fui domesticado a não gostar da Frelimo desde os meus 12 anos. Vi e vivi coisas que jamais vou esquecer. A Frelimo, como diz umbHalane, não presta mesmo.

E não digo isso como muitos, para desfilar ou aparecer, não, vivi a crueldade da Frelimo. Quantas vezes não chorei nos ombros de Aloni. Esses senhores (os da Frelimo) merecem cadeia.

Fosse eu o deputado Melaço teria ido mais loge. Não pense a Linette que os discursos de Melaço atrapalhou a Frelimo, não, nada disso, aquela gente não tem sentimentos.

Acredite e "pense comigo".

Zicomo

Reflectindo disse...

Caro Jone

Mais uma vez, continuo não vendo nada do mal no discursos de Milaco. Isto digo também para a Linette. Só quem nunca assistiu debates acesos nos outros parlamentos do mundo, pode se alarmar com isto.
Na Grã-Bretanha, penso que foi a 5 anos, vi na TV deputados a pegarem-se. Na Ucrânia e na Coreia do Sul, ainda este ano pegaram-se. Naqueles países há separação de poderes ao contrário do nosso. O nosso parlamento é "soft" se termos em conta a arrogância da Frelimo. Os deputados da Frelimo vão ali até para irritar quem os escuta. Mentira e bajulação é a arte de deputados da Frelimo, sem terem em conta que no dia que as coisas virarem assistirão com arrepio o que hoje eles mesmos fazem hoje. Os membros do governo idem, pois não respondem nada ao que são colocados pelos deputados sérios. Na verdade, os membros do governo agem como Minoru Yanagida, o ex-ministo das financas do Japão. Talvez seja melhor procurarmos a diferença entre Japão e Mocambique.
Nesta última sessão de perguntas ao executivo assistiu-se a pior atitude do governo. Aquilo chama-se uma falta de consideração ao parlamento. Que os membros do governo respondessem mal e com argumentos que os convêm às perguntas, mas não respondê-las é o máximo que nós moçambicanos nunca temos que aceitar.

Para mim, Armindo Milaco, desabafou. Ele não pediu o governo de Aires para demitir-se, mas o governo de Guebuza, o governo da Frelimo. Aquela mensagem foi para Armando Guebuza e a Frelimo.
Milaco apenas desabafou, pois mesmo que dissesse o que disse a Guebuza e com qualquer formalidade o governo não ia demitir-se, como nenhum ministro, incluindo o "balas de borracha" se demitiu. Auto-demissão não é nossa tradição, isso incluindo o próprio Milaco e para não falar de Afonso Dhlakama. Afinal, os resultados eleitorais de 2008 e 2009 ditam que toda a direcção da Renamo devia ter se demitido, mas não fez.

Na minha opinião, o que acho discutível é sobre os produtos chineses de que ele falou. O que coloco como questão é:
a) quem importa esses produtos? É o governo moçambicano ou comerciantes mocambicanos?

b) supondo que são comerciantes (grossistas), onde está a responsabilidade do governo moçambicano quanto à qualidade e provavelmente aos preços?

c) é verdade que os produtos chineses não têm qualidade?

Discutindo isto até éramos capazes de assumir algo que está acelerar o desenvolvimento da China. A China, Taiwan, Coreia do Sul, Singapura, Tailândia, são os países que produzem o que hoje se consume nos países desenvolvidos, no Ocidente. São produtos de qualidade. Estranho é que para África vão produtos sem qualidade. Mas este problema está aliado aos carros da terceira ou quarta mão de que Milaco se referiu. Uma vez fui para um estabelecimento em Maputo onde se vende carros usados, fiquei espantado pelos preços.