terça-feira, julho 12, 2011

Quo vadis Governo (4)

INFORMALIDADE GOVERNATIVA E ESTADO PATRIMONIAL
Egídio Vaz

Por seu turno, Egídio Vaz, historiador e analista político, os sistemáticos erros documentam o excessivo nível de informalidade governativa que caracteriza esse Governo, na medida em que todas ou as medidas que se pretendem de impacto directo sobre as populações serem todas elas tomadas quase que de súbito e sem uma base científica ou pelo menos empírica razoável. Aos olhos de Egídio Vaz, estamos em presença de um
Governo eleitoralista, que não governa as pessoas e sim dedica toda a sua inteligência para manter os seus níveis de aceitabilidade política estáveis em comparação com os demais competidores. “É um executivo que está toda a hora a tomar medidas para “mitigar” prováveis surtos de descontentamentos como o 5 de Fevereiro de 2008 ou 1 e 2 de Setembro de 2010”, disse. A outra dimensão da informalidade do Governo é, segundo este interlocutor, a celeridade com que chega a grandes decisões e com o mesmo ímpeto ao respectivo desbaratamento. “Isso é no mínimo falta de respeito para com o povo. Em sociedades sérias onde os governantes são responsabilizados pelos seus actos, os autores, mentores desses actos deviam ter sido demitidos. Só que nós não estamos num estado normal”, acusa.
Se a actual situação irá ou não manchar a imagem do Governo, o interlocutor diz que este executivo não está preocupado com a imagem perante os seus cidadãos, porque o campo político não é competitivo.
“Num Estado como o nosso, altamente neopatrimonializado, as preocupações dos actores políticos no Governo estão viradas à satisfação dos seus clientes, nomeadamente os doadores, através dos relatórios que prontamente submetem para justificar subsequentes desembolsos e a própria máquina do Estado, viveiro e garante da reprodução das relações neopatrimonialistas”, disse.
“O povo é um sujeito tão intangível que quando esses ministros falam para as câmaras nem fazem ideia de estarem a falar para eles. Portanto, eles ainda vão a tempo de criar outras instituições, planos directores e estratégias e com a mesma facilidade desacreditá-las”.

Continua

Fonte: Savana - 08.07.2011

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