sexta-feira, janeiro 27, 2012

Ex-edil da Renamo em Nacala-Porto reclama dinheiro prometido pela Frelimo

Manuel dos Santos traído pelos “camaradas”

Maputo (Canalmoz) – Em 2009, aquando da realização das quartas eleições gerais e primeiras para as Assembleias Provinciais, o ex-presidente do Município de Nacala-Porto então eleito pelas listas da Renamo, Manuel dos Santos, que perdera pouco antes a sua reeleição a favor do candidato da Frelimo na segunda volta, apareceu a apoiar a Frelimo, jogando farpas para a Renamo, partido pelo qual havia concorrido. Nas eleições municipais um ano atrás concorrera pela Renamo. Afinal tudo era fruto de negociatas envolvendo dois milhões e quinhentos mil meticais.
Agora que “o dinheiro prometido pela Frelimo a Manuel dos Santos não sai”, o ex-edital começa a revelar segredos e cita o nome do empresário Celso Correia, da INSITEC, como a pessoa que iria pagar o tal dinheiro ao ex-edil da Renamo.
Informações que circulam em Nacala, dadas como saindo do próprio ex-edil, indicam que as negociações para Manuel dos Santos mudar da Renamo para Frelimo foram conduzidas pelo jovem empresário Celso Correia e ele próprio tinha-se encarregado de efectuar o pagamento do valor acordado de dois milhões e quinhentos mil meticais. Mas já lá vão três anos, e Manuel dos Santos só recebeu uma parte desse dinheiro. Ler mais

Reflectindo: só pormenores faltam. Quando dia antes o Nuno Amorim apareceu por aqui a dizer que uma bomba ia explodir em Nacala-Porto, eu fui lhe claro que tratou-se duma negociata.  

16 comentários:

Ismael Mussa disse...

Francamente, algo me faz suspeitar da veracidade desta noticia. Para ser mais claro não acredito mesmo nela e por um simples motivo: por aquilo que e sabido, os talhões em Autarquias como Nacala, Nampula, Pemba, Tete, Beira, Vilankulos, Maputo, Matola são comercializados por muito mais do que um milhão de meticais. Portanto, não vejo como e que este homem possa ter sido comprado pelo preço de um talhão que ele como presidente, querendo, poderia certamente obter esse montante sem precisar de troca o seu cargo. A ter havido traição deste homem ao seu partido e aos seus eleitores, a causa verdadeira só poderá ser outra.

Reflectindo disse...

Mussá, o que terão custado os tantos por aí que foram comprados e apresentados como desertores da Renamo? Falo daqueles que conhecemos.
Agora acreditas que aquilo Manuel dos Santos anunciou depois para embarcar para Beira foi voluntário?

Eu não represento a ninguém por isso mais nada digo, mas eu gostaria que Celso Correia e a Frelimo primeiro e Manuel dos Santos depois escrevessem ao Canalmoz exigindo que a verdade seja reposta.

Heyden disse...

Mano Reflectindo,

Viu? Quando digo que a politica e fantochada que eu nao trocaria minha academia por ela, nao acreditas. Coisas que passam por ai sem sair nas noticias nao lembram o diabo.

Reflectindo disse...

Mano Heyden,

Podes ser que ainda não entendes o que realmente aconteceu e está acontecendo. Para te dar alguma pista Manuel dos Santos não aderiu à Frelimo.

Quanto ao não trocares academia com a política eis uma outra pista: muitos dos académicos que tu e eu conhecemos na Beira e Nampula em particular, estão lá como indivíduos capturados porque a política é o escudo. Será que não sabes?

Mas continuo a dizer que como académico não podes estar alheio à conquista da igualdade dos macuas com outros grupos étnicos. Isso seria falacioso.

hey disse...

Nao conheco este Manuel dos Santos. Mas sempre estou convencido que estes inviduos vivem disso. Mesmo um bom sujeito tal como o Manuel de Araujo, vai ali estragar a imagem dele. Fico com a pior licao que neste mundo cada um apenas quer proteger a sua pele. Ja nao resta o sentimento pelo proximo. Todos querem tirar proveito dos mais fracos. Ai eu nao me meto porque nas minhas veias o respeito pelo outro ainda prevalece. Vai deixar de prevalecer sim, quando me deres um cargo.

Reflectindo disse...

Hey,

Quando te asseguro que Manuel dos Santos não é da e nem apoia à Frelimo é por conhecimento de causa, isto é, estou bem informado não por fontes secundárias.

Por outro lado, nas circunstâncias em que se anunciou a tal aliança de Manuel dos Santos à Frelimo prova que aquilo era como de prisioneiro de guerra. Faço-me entender? Portanto, os ditos dois milhões só podem ter sido a parte do Celso Correia a quem espero que desminta se acha que o que o Canalmoz escreveu não é verdade... Mas não deixa de ser lamentável para mim, que tu e outros não estejam a ver o jogo da Frelimo e querem ver Manuel dos Santos como quem vendeu a sua lealdade por dois milhões. Isso é triste e coisa nossa, pois que em democracias desenvolvidas o acto teria outros contornos.
Porquê não analisar a partir do caso Almeida Tambara aos últimos que têm vindo a anunciar em comícios que saem dum partido da oposicão para aderirem à Frelimo? Porquê não analisar pensando no caso do Yacub Sibindy que nas últimas eleicões foi para Nampula...?

Hey, não concordo que os académicos sejam os mais honestos e nem quero acreditar que o facto de alguém não exercer chefias políticas não esteja a fazer política. São tantos que em nome do profissionalismo prejudicam o próximo. Talvez não estejas consciente do que fazes, mas os teus comentários são políticos. Também não se pode confundir academia com apatia e egoismo. Os bons académicos são também analistas políticos como é o caso de Carlos Serra, Carlos Castel Branco, José Macuiana, Sérgio Chichava, João Mosca, Jonathan McCharty, entre outros. O respeito do próximo não passa apenas por discurso, mas mais por acção que proteja esse próximo. É daqui onde um cidadão, independemente da sua formação se sente que deve entrar no jogo político.

Não concordo que entrar na política queira ser a vontade de se tornar desonesto. O que Manuel de Araujo fez é não ser egoista e muito menos apático, mas dedicar-se à sua cidade, à sua gente. Claro, que MA está enfrentando problemas de milhares de quelimanenses e daí exposto a mostrar sua competência e quando não conseguir, pode estragar a sua imagem.

Anónimo disse...

Nguiliche

Caro Reflectindo,



Obrigado pela sábia resposta ao Heyden. Os que estao favor do sistema instalado nos aconselham a abstermos da politica, e mesmo a nao irmos votar.

Nao acredito que se em certas eleicoes, ninguém nao ir votar, o dirigente em excercico pode abandonar o lugar, arrumar as malas e ir para casa. Se isso pode acontecer, entao podemos nos abster da politica como o Heyden e podemos nao ir votar.

Heyden disse...

Mano Reflectindo,
Sou a pessima pessoa em conhecer pessoas ou mesmo saber coisas que acontecem nos patamares politicos.E so ultimamente que comeco a ler alguma coisa sobre isso. Possivelmente um embriao politico esteja a nascer em mim. Mas ainda continuo a enfrentar o problema de acreditar absolutamente nada do que os politicos dizem. Mesmo quando o prsidente vai dar o informe da nacao eu desligo o meu televisor ou ligo musica. Tudo mentira. Nao tem excepcao, tira este e poe aquele, mesma coisa. MA tambem vai fazer isto em Quelimane num futuro nao muito distante. O discurso comeca assim: Apanhei cofres com saldo zero..., I am sick of them.

Heyden disse...

Nguiliche,

Nao aconselhei a ninguem a nao ir votar. Eu so votei nas primeiras eleicoes gerais e nunca mais, mas isso deve-se a minha inabilidade. Mas contudo, abstencao massiva e tambem um metodo. Nao e novo, Gandhi ja aplicou metodo similar contra os britanicos na India. Nao so, em alguns paises da america latina para rejeitar um politico as apenas nao vao votar. E enquanto os votos validos nao atingirem uma percentagem minima, os resultados sao anulados. Talves propor que, baseando-se no facto que muitas pessoas nao vao votar e nao se sabendo o significado dessa abstencao, entao candiddato que atinge os 60% dos votantes inscritos nao deve ser desqualificado. Se estas coisas nao sao controladas, estamos a caminhar para uma fase em que um candidato vai ganhar eleicoes com 5%.

Reflectindo disse...

Mano Heyden,

Vejo muitas contradicões nos teus comentários. Ora, desde há muito que advogas que com mocambicanos instruidos teriamos mudancas em Mocambique. Se partirmos de ti, um académico que diz desconhecer o que acontece na área política em Moc muito menos que decide sobre tudo em seu redor, como nos garantes que mais alfabetizados seriam o motor das mudancas??
Meu irmão, eu desde há muito que disse que muitos académicos mais me decepcionam porque se conformam facilmente, bastando que os seus desejos particulares sejam satisfeitos.

Eu já disse Manuel de Araújo saiu do conformismo e egoismo para servir ao seu povo, comendo com ele aquela poeira de Quelimane. É coragem abster-se da vida da metropole Maputo, deslocacões constantes para Europa, Americas e noutros países africanos para ir dar palestras ou participar em conferências, etc.

Qual é o mal de denunciar o estado dos cofres do Conselho Municipal de Quelimane? Será que não ficaste indignado pelo que Chivavice fez na Beira? Será que não gostarias de saber do estado dos cofres do Estado ao nível nacional?

Meu irmão, ainda não respondeste ao Nguiliche porque não chega com eu não disse. Implicita ou explicitamente o teu discurso mobiliza abstencões apesar de saberes que elas só dão mais poder, um poder absoluto, à Frelimo. Tens algum exemplo em África onde abstencões tiveram efeitos nas mudancas?
Dizes que com abstencões as eleicões deviam ser anuladas, será que pensas que a Frelimo faria isso voluntariamente ainda que saiba que se beneficia delas? Isto é, será que sem a tua participacão política, isso que pensas pode ir ao debate e ganhar apoio?

Heyden disse...

Sai daquele pais em 94, essa e a razao de nao ter votado noutras vezes. De facto nao falo de mim, falo dos outros academicos macuas que la devem existir provavelmente. Pena, nao os conheco pessoalmente. Contudo, se meus comentarios ofenderam alguem, as minhas sinceras desculpas, foi apenas uma conversa que provavelmente nao tera nenhum efeito.
Heyden

Heyden disse...

Ate porque uma das pessoas que ficaram mais felizes pela victoria de Manuel de Araujo (MA) fui eu. Muito antes das eleicoes fui um dos que enviou um post a considerar MA de vencedor antecipado. Talves nao estejas a notar a intencao dos meus comentarios. Eu estou a dizer que, a mesma energia que foi usada para apoiar MA na campanha eleitoral, deve continuar durante o seu exercicio. Porque MA e uma pessoa, tem seus negocios, ha as ratoeiras tipicas da Frelimo, existe o MDM que penso que vai querer tirar vantagem, temos sempre que lembrar MA a missao que tem. Claro que ele abandonou a vida boa que tinha la no Maputo conforme dizes, mas vida boa, e um conceito relativo. Minha vida e boa de acordo com a comparacao com a vida dos outros ao meu redor. Nao vais me querer ensinar estas coisas, mesmo que esteja a ser duro nos meus comentarios, nao procure contradicoes, nao procure palavras mal usadas ou erros, mas procure discodificar a essencia, ou seja a mensagem implicita dentro daquelas afirmacoes. E ma interpretaco dos meus comentarios, por exemplo, quando alquem diz que o Heiden e promotor dos macuas e e ao mesmo tempo detractor dos macuas. Sobre esta historia das contas bancarias que MA apanhou zero, claro foi bom ele mostrar. Falei aquilo para lhe lembrar que ainda tem que continuar a dizer se recuperou aqueles 2 paus porque sao do municipio, e ja que comecou com aquele tipo de transparencia, deve manter o ritmo. De seis em seis meses, deve dizer alguma coisa. Nao pode dizer apenas quando a conta esta vazia, quando ela esta cheia, tambem deve dizer. E apenas um conselho amigo.

Heyden disse...

A respeito das abtencoes, nem eu mesmo acredito que com as actuais leis eleitorais seja o metodo ideal porque mesmo sem voto, um candito poderia ganhar as eleicoes e como nos nao temos vergonha, poderia assumir o respectivo cargo. Apenas pretendi dizer que, metodos similares, existem, sao reais, e sao muito usados em alguns paises. Absolutamente nao penso que o que eu disse venha influenciar a algum individuo leitor destes comentarios a nao ir votar. Nao ha infantis entre nos. Quero acreditar que estamos todos a pensar e a por todas as cartas na mesa, porque senao, se alquem soubesse o melhor metodo para fazer as coisas, o pais ja teria sido maravilha e nao haveria necessidade para debates como este. Entao, porque criticar veementemente a proposta dos outros? Ninguem tem argumento para provar que o metodo nao funciona. Nao e porque nunca se usou em Africa que o metodo se revela infuncional. Mais uma vez, nao estou a propor este metodo, apenas estou a por as cartas na mesa. Nossa tarefa e analisar e reprova-las com plausibilidade.

Reflectindo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Reflectindo disse...

Mano Heyden,

Aqui ninguém te interpreta mal. Eu pelo menos pretendo ir rigososamente ao encontro dos teus comentários. No mínimo tens que dizer que não estás sendo claro. Se escreves com ironia também cabe a ti em dizer.

Quanto ao que escreveste sobre MA está aqui e lá noutro post. Agora estás a lancar uma outra contradicão sobre isso. Veja, que foram e são os frelimistas que estão contra a denúncia de Manuel de Araújo quanto ao estado dos cofres no Municípios de Quelimane. Isso por si é um défice democrático, pois que em democracias maduras, teriam sido os membros e simpatizantes da Frelimo a exigir um esclarecimento sobre a gestão anterior do município. Precisamente há uma semana,o líder do maior partido da Suécia, o Social Democrata (SD), demitiu-se porque a imprensa denunciou que enquanto deputado ele recebeu subsídio indevido. Isto e mais umas inverdades produziram uma reaccão dos membros e simpatizantes do SD e ele tinha que se demitir. Não é o primeiro caso que assisto.
Aproveite, meu irmão, em acompanhar a política com muito interesse nesse país onde vives.

Quanto ao efeito de abastencões já temos provas suficientes a partir das eleicões autarquícas de 1998, as primeiras. Com apenas 14% de participacão houve victórias retumbantes. A partir daí eu aprendi que abstencões em Mocambique não são estratégia de pressão à classe política, antes pelo contrário.

Se o que debatemos não tivesse influência, até nem valia a pena gastarmos o nosso tempo. O que discutimos aqui está sendo acompanhado por alguns eleitores e eles por sua vez continuam a debater nas barracas onde estão a beber uma cervejinha com os seus amigos - apenas um exemplo.

Heyden disse...

Bom, ja noto agora que escrevo mesmo mal. Por exemplo, eu nao estou a dizer que temos que nos abstermos das eleicoes. Quem sou eu para dizer o publico para se abster? Apenas disse, que abstencoes e tambem um metodo que em algumas partes do mundo, funcionou e continua a funcionar. Acrescentei ainda dizendo que, para o sistema de abstencao funcionar em Mocambique, seria necessario outra batalha de lei que dissesse que, quando nao se atinge o valor percentual tal, nao se ganha a eleicao, ou seja, se perde a eleicao. Nao e pensamento animal este, porque a nao se definir um minimo, acabamos por ter tais vitoriosos em eleicoes em que ninguem foi votar, e nao seo, e ignorar a mensagem implicita dos abstentes. Quanto a questao de pensar que nossos comentarios de facto influenciam os leitores? Ate ha muita materia dicutir. Por exemplo, em Marketing Research pensa-se que para mudar a atitude deve-se gastar muito dinheiro. Essa e a razao que publicidades passam no nossa ecram milhares de vezes. E tambem a razao porque campanhas eleitorais se tornam um teatro como tem sido. Quatro elecopteros, uma equipa inteira, dois a tres meses no terreno, a falar a lingua local, ou a prometer luas as populacoes. Isso e porque podes, ate mudar as percepcoes das pessoas sobre as coisas, mas para mudares os comportamentos, ai eu sou a autoridade para dizer o que se deveria fazer. Nao quero de modo algum minimizar os esforcos que fazes para nos manter informado sobre estas coisas, ate que sao a base do meu conhecimento.

E com toda a venia, aproveito a oportunidade para me demitir dos comentarios porque se nem de politica nao entendo, muito menos de comentar a politica em si. Ja me convenci, e prefiro voltar a nadar rio onde sou peixe.
Aquele abraco