segunda-feira, abril 13, 2015

Tem Graça

TEM graça. Certos deputados da bancada da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) não concordam com determinadas alíneas do Programa Quinquenal do Governo (PQG) mas são incapazes de apontar dedos e requerer a correcção àquilo que entendem não estar bem no documento.
O medo de serem confundidos com a oposição lhes invade a mente de tal modo que até se ressentem de coceiras nalgumas partes do corpo.

Há, pelo meio, militantes frelimistas corajosos que ao jeito de manipulação vão dando azo à sua graça. Estes, estrategicamente vociferam contra a bancada da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e só depois se concentram ao essencial.

Esta roda que os deputados dão atacando a oposição antes de enumerar o que pretendem ver modificado no PQG, tem por objectivo evitar que os colegas ou as chefias os classifique de intrusos dentro do grupo; feitos com os outros, e outros são indivíduos da RENAMO e um bocadinho os do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

E na sexta o PQG voltou a não ser elevado à votação, muito por mérito da presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo, que tratou de empurrar a discussão até à exaustão, permitindo que as bancadas esgotem os seus argumentos e Carlos Agostinho do Rosário tome nota do essencial das discussões, independemente de onde vierem as propostas e do modo como forem explanadas. Jerónimo Malagueta, RENAMO, esclarecera na quinta- feira que o voto contra o PQG em sede plenária, não tinha nada a ver com o ‘SIM’ declarado na comissão especializada, onde alinhou com os colegas do sector.

Na comissão, o homem não concordou com o documento, mas a maioria acabou dando aval positivo com o qual o PQG foi estampado na síntese, o que não quer dizer que ele (Malagueta) esteja totalmente em concordância com o projecto governamental.

De resto, nas discussões plenárias, o PQG aparece no seu todo, não em forma especializada sector-a-sector.

Ainda Esperança Bias da quinta-feira. A antiga ministra vagueou, vagueou pelas ‘matas’ das províncias de Maputo, passando pelas de Gaza, Inhambane, Manica, Sofala, Zambézia, Nampula, Niassa, Tete, entre elogios aquí e acolá a Filipe Jacinto Nyusi e à gloriosa FRELIMO, até se estabelecer no essencial, o que mais interessava o grupo de ministros e vice- -ministros encabeçado por Agostinho do Rosário: sugestão para a atenção que deve ser dada ao acesso à água potável e ao saneamento do meio em Pemba, província de Cabo Delgado. Caraça. Tanto desgaste para alertar o Governo a correcções.

É nisto que a nossa bancada acha haver, ainda, muito medo dentro da FRELIMO de se apontarem críticas construtivas e até propostas de melhoria nas mais variadas frentes. E é mau para o desenvolvimento.

Não menos importante é o modo didáctico com que a bancada do MDM apresenta as suas ideias. Aprecia com lupa os dados do PQG para chegar a conclusões alarmantes sobreas estatísticas que o documento nos apresenta.

Se calhar o Governo achava que os deputados são míopes para não verem com os olhos de ver os numerous (alguns) perfilados no documento.

Pena que o MDM tenha pouco tempo de antena. Se os minutos esbanjados pelos frelimistas fossem transferidos alguns para o MDM, muita coisa mudaria.

Por entre-linhas, Nyusi e Agostinho do Rosário terão já dado a entender que o mais importante são ideias válidas para o enriquecimento do Governo, independentemente de onde elas venham.

Algumas mentes, no entanto, ainda não estão seguras disso, muito por culpa de um passado recente (Salvador Raimundo)

Fonte:  Expresso – 13.04.2015


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